CRISE CONJUGAL II – Grana ou Sexo?

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A “Revolução Feminina”  (ou revolução feminista) chegou rasgando dogmas machistas, preceitos culturais e tradições sociais. Grandes conquistas vieram a partir do momento em que as mulheres começaram a exigir direitos civis iguais aos dos homens: Nada mais justo e natural, pois, Deus fez ambos (Adam-homem e Eva-mulher) com direitos iguais, tanto que o erro de um foi capaz de catapultar ambos, igualmente, para fora da “casa do Pai”.

Como em toda revolução, as pessoas sabem o que não querem, contudo, não sabem muito bem o que irá acontecer na contagem dos despojos. Assim tem vivido a sociedade brasileira de classe média pós-revolução feminina: Homens e mulheres vítimas de uma transformação de costumes que ainda está em curso e neste meio de caminho muitas coisas não estão claras para os marcianos e as venusianas. Direitos não desejados estão sendo dados às mulheres. Deveres não negociados estão sendo cobrados dos homens e a parceria conjugal está perdida em meio a uma sociedade que desfez algo, mas que ainda não foi capaz de construir um novo para substituir.

DIREITOS IGUAIS OU PRIVILÉGIOS DA MULHER?

Mulheres enfastiadas de direitos e frustradas com eles. Premiadas com conquistas, mas em dúvida se realmente as queriam. Mães que prepararam as filhas para serem independentes dos homens, mas não prepararam seus filhos para serem independentes das mulheres: ensinaram as filhas a trabalharem fora, mas não ensinaram os filhos a cozinharem e cuidarem da casa (afinal, ironicamente, muitas protagonistas da revolução feminina pensam que “isto não é coisa pra macho” e não querem filhos ‘maricas’). Mães que querem que seus filhos tenham boas esposas, que cuidem bem deles e da casa, mas não querem que as próprias filhas exerçam este mesmo papel na vida de outro homem… “Afinal, minha filha foi educada para ser uma profissional, não uma empregada doméstica…”. E não foi assim com as filhas das outras mães?

Neste campo de batalha revolucionário, um aspecto tem me chamado muito a atenção: Administração do dinheiro.

GRANA

No geral o que tenho observado em alguns casais é o seguinte: O dinheiro do homem é o dinheiro de todos, que faz frente às principais despesas e manutenção da casa, mas o dinheiro da mulher é o dinheiro DELA, com o qual ela pode “ajudar” na manutenção da casa, contudo, esta verba é prioritariamente usado em suas “necessidades” pessoais, sejam estas quais forem.  No geral a mulher sente-se desconfortável em ganhar mais que o marido e em ter que auxiliar na manutenção da casa. O homem, idem, sente-se diminuído em sua masculinidade quando tem que “pedir”  dinheiro para a mulher a fim de fazer frente às despesas básicas da casa, posto a revolução feminina não ter sido completa, ou foi completa, entretanto, em apenas algunas áreas da vida civil e conjugal.

Revolução inacabada…

Fato observado em minhas incurções pastorais é que estas indefinições financeiras acabam por interferirem na sexualidade do casal, já que, ao dividir a manutenção da casa, o homem pode deixar de enxergar-se como homem e a mulher não mais o enxergar como o homem, posto terem uma carga cultural gritando que no pênis dependurado deveria ter uma plaqueta escrito: “Banco24Horas”.

Conheço um casal onde o homem é mais de dez anos mais velho que a mulher. Quando começaram o relacionamento, ele já era um profissional bem sucedido e que já possuía patrimônio e a casa onde moraram, portanto, ele era um ótimo partido para aquela linda jovem, que foi ensinada pela genética e pela “seleção natural” a fazer uma “boa” escolha conjugal, eliminando os machos menos capazes e selecionando o que mais condições teriam de proteger a fêmea. Passado mais de uma década, na qual ela escolheu dedicar-se com afinco à sua carreira profissional, não ter filhos, e fezer inúmeros cursos de especialização, sua carreira naturalmente decolou mais que a dele. Ato contínuo: as contas bancárias, antes conjunta, foram separadas. Ele continua um profissional bem colocado, mas ela, graças ao suporte que o casamento deu, subiu a posições profissionais acima das dele, com salário muito superior. Ele continua bancando a casa. Ela, com seus proventos, bancando seus sapatos luxuosos, carros importados e “ajudando” na casa. Suas economias e crédito na praça a permitiram comprar a sua própria casa e partir para a carreira solo, afinal, aquele homem já era “pequeno demais” para as ambições dela.  Hoje ela está em crise por não ter tido filhos e pela alta probabilidade de não mais tê-los. Tem dúvidas se fez as escolhas certas. Tem dúvidas se valeu a pena ganhar uma carreira de sucesso em detrimento do prazer da maternidade. Tem dúvidas de tudo.

Dentro da classe média brasileira temos muitos casais que não conseguem administrar os sucessos das carreiras de ambos, tanto homens como mulheres. Muitos casais que não sabem administrar as finanças da casa e que brigam por dinheiro. Casais que comprometem o prazer sexual e a união do lar por causa de grana. Casais que dividem tudo: filhos, cama, casa… Só não dividem a conta bancária!

Particularmente tenho uma posição muito clara com relação a isto.

QUEM É O CHEFE DA CASA?

Majoritariamente os homens foram ensinados pelos seus pais e pelas mulheres (suas mães) que o homem tem de conseguir sustentar uma casa para poder casar-se dignamente. Esta informação está guardada no inconsiente coletivo por inércia cultural. Dinheiro, portanto, tem sido usado como instrumento masculino de dominação. Na mesma direção, dinheiro tem sido farejado pelas mulheres como instrumento de proteção. Aqui começa parte do erro.

O mundo ensina que quem tem dinheiro tem poder, mas dentro de um relacionamento conjugal, se ambos desejam possuir os mesmos direitos conjugais e os mesmos direitos civis, dinheiro tem de deixar de ser o instrumento de poder e dominação. Dentro de um relacionamento conjugal o dinheiro não pode pertencer a um ou ao outro, mas tem de pertencer à família. Afinal, somos ou não uma família? O dinheiro deve atender às necessidades da família como um todo e não primordialmente às necessidades deste ou daquele, como acontece nas classes sociais baixa ou alta.

Sou favorável a colocar toda a grana que se ganha num “caixa-único”, adminsitrado em comum-acordo pelo casal. Se um ganha 7 mil e outro ganha 3 mil, portanto a renda da casa é de 10 mil, não importando quem contribuiu com a maior parte. Destes 10 mil que pertencem não ao homem nem à mulher, mas à família, ambos farão um “Plano de Contas Familiar” no qual irão prever inicialmente as despesas básicas (alimentação, escola, prestações…) e posteriormente: investimentos, manutenção, entretenimento familiar e entretenimento individual (afinal, cada um dos dois deve ter direito a uma verba pessoal- uma “mesada” – para gastar como quiser).

Separar o dinheiro individualmente em caixas separados é de uma mesquinhez diabólica, por parte do homem ou por parte da mulher.

Se o homem ganha mais, ele não pode usar do dinheiro como instrumento de manipulação da mulher ou da casa. Isto é para os fracos… O marido que precisa usar dinheiro para manipular a própria esposa não é um homem, mas um rato. Se ele não tem autoridade pessoal apenas por ser o marido, não é o dinheiro que dará a ele esta autoridade.

Igualmente, as esposas que ganham ou que começam a ganhar mais que os maridos e que, por isso, imitam o frágil mundo masculino, pensando que agora elas são mais “poderosas”  ou mais “chefes”, são também pessoas fracas e de caráter, no mínimo, duvidoso. Estas são esposas que sentem-se no direito de desmerecer os maridos publicamente e desautorizá-los em frente dos filhos ou amigos, já que eles são uns derrotados profissionalmente… Isto é de uma pobreza de espírito patética. Atitude desprezível! Mulheres que agem assim causariam grandes danos às suas famílias se chegassem à Presidência da República.

SEXO

Não há dúvidas que se deixarmos o matromônio entrar neste jogo de poder, a vida sexual pode desandar. Mulheres que por qualquer razão começam a ganhar mais que os homens podem deixar de enxergar neles o papel do macho e perderem o interesse sexual por este homem, interessando-se por outros homens que ganham mais que elas e que podem oferecer mais. Se não existe um amor verdadeiro ou uma relação sedimentada, o dinheiro pode ser um grande afrodisíaco para muitas pessoas…

Em função de crenças sociais que não foram totalmente desmontadas pelas mulheres na revolução feminina, homens que passam a ganhar menos que suas companheiras podem se sentir diminuídos em sua auto-estima e consequentemente diminuídos na cama. Se ela ganha mais, ele pode achar que agora ela é o “chefe” e estes homens passam a ter atitudes subservientes diante delas, ficam mais passivos na cama, podem não mais se enxergare como os “machos-alfa” da relação, não mais sustentarem suas opiniões, aceitarem sem questionar todos os pontos de vista da mulher e, ato contínuo, procurarem outro “lugar”  onde possam sentir-se machos novamente. Não apenas há chances de o homem procurar noutra pessoa um reconhecimento como macho da relação, como a mulher também poderá procurar outra pessoa com quem encontre mais prazer por ser considerado digno de estar, literalmente, “por cima” dela.

Se não for quebrada dentro do casamento esta noção mundana de que quem tem dinheiro detém o poder, as relações conjugais continuarão sendo alvo fáceis de muitas crises. O pior é que nem o governo ajuda, já que oficialmente o próprio IBGE qualifica de “chefe de família”  a pessoa que ganha mais. Esta qualificação dada pelo IBGE é de um poder subconsciente imprevisível.

Então, galera, dúvidas?

Pr. Luciano Maia

[Percebam que tratei neste artigo de um fenômeno das Classes Médias. Nas classes sociais altas e baixas, estas questões não são problemáticas. Nas classes baixas a desestrutura familiar generalizada preserva uma relação de “salve-se quem puder” e como a mulher normalmente tem de cuidar de uma prole que multiplica-se anual e desordenadamente, não trabalha formalmente e vive do que o homem traz pra casa, o que sobrou da cachaça. Nas classes altas estas questões também não são discutíveis, posto os homens dominarem a cena da riqueza mundial e as mulheres que buscaram casar-se com estes abonados sabem bem as regras do jogo que entraram e estão felizes com tais regras: Manda quem assina o cheque do spa e da joalheiria]

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PRA RELAXAR

Agora quatro filmes publicitários que ironizam de forma bem humorada o mundo masculino e a relação entre os sexos.

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