CRISE CONJUGAL III – 3 comportamentos femininos prejudiciais.

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3 comportamentos femininos prejudiciais.

Alguns assuntos que orbitam em torno do relacionamento conjugal são ainda vistos como um tabu, por isso são meio que proibidos de serem tocados, como se não o fossem ou não existissem.
Um destes problemas conjugais diz respeito a como algumas mulheres lidam muito mal com seu instinto maternal ou com a maternidade em si. O tabu reside justamente no fato de que é senso comum que maternidade é uma condição sacra, um tipo de sacerdócio, uma instituição intocável e pura.

Ao contrário da maternidade, a paternidade já foi alvo de inúmeros debates sociológicos nas últimas décadas; foi um debate ao mesmo tempo tão invasivo quanto profícuo, no sentido  que o homem do século XXI tem sido um pai muitas vezes mais participativo e presente que o pai do século passado. Nos dias atuais temos até pai brigando pela guarda dos filhos… Coisa praticamente impensável 40 anos atrás.

INSTINTOS NATURAIS:

Nossos instintos naturalmente nos direcionam para a maternidade e para a paternidade. Quando o bebe chega, muitas ações e reações dos pais calouros no trato com o novo morador da casa são naturais: tem coisa que não precisa ser aprendida… Está “no sangue”.

Contudo, tudo na vida pode ser aperfeiçoado: muitos homens aprenderam a ser pais melhores (pena que nem todos). Assim, alguns aspectos da criação do bebê podem ser aprendidos tanto pela mamãe quanto pelo papai: Como amamentar melhor? Como e em quais horários por para dormir? Como dar um banho? Que alimentos evitar? Etc. Muitas destas informações são passadas entre as gerações.

Mas, se aprendemos questões práticas, também podemos nos aperfeiçoar nas questões relacionais: com a chegada do novo morador,  passa a existir uma nova dinâmica na jovem família. Se a dinâmica relacional envolvia duas pessoas, agora tem de envolver uma terceira, pessoa que, assim como as duas iniciais, tem suas demandas, necessidades e exigências… E não são poucas as exigências… De fato, pais e mães são sacerdotes que estão aprendendo a nova função social e familiar.

TRÊS EQUÍVOCOS NA DINÂMICA FAMILIAR.

Retomemos o início do artigo, onde tratamos da “Santa Mãe”. Se o senso comum reforça que as mães são naturalmente boas por serem mulheres, sabemos que, na prática, há inúmeros casos mães que cometeram o abandono tanto físico quanto emocional do filho. Bem como, tanto existem casos de abusos de mães contra filhos e filhas, quanto de pais contra filhos e filhas.

As falhas mais comuns dos homens no papel de pai são conhecidas e giram principalmente em torno da pouca  presença destes nas rotinas e educação dos filhos. A reclamação mais comum de mães e filhos que pesa sobre o pai é a sua ausência exagerada, seguida de baixa participação na rotina e criação do filho. Certamente que ausências paternais severas terão grande impacto negativo na formação desta criança.

Sim, é verdade: existem bons pais, exemplares, eu diria, e igualmente existem excelentes mães; mas ambos os gêneros cometem seus pecados na condição de progenitores educadores, tanto pecados por falta, quanto por excessos.

A historicamente baixa participação paternal na dinâmica de algumas famílias tem propiciado que as mulheres assumam a liderança, não necessariamente financeira, mas, sobretudo, a liderança estrutural e psicológica do núcleo familiar: “Mamãe sabe tudo”.

Neste artigo vamos nos deter em três aspectos com os quais muitas mulheres têm lidado equivocadamente, muitas vezes com a conivência do marido. Estes três aspectos afetam três áreas fundamentais da dinâmica familiar:

  1. Maternidade,
  2. Relação conjugal e
  3. Liderança familiar

1 – Maternidade:

CUIDAR MAIS E MELHOR DOS FILHOS QUE DO MARIDO.

Um bebe precisa de todas as atenções. Sem alimento e calor, ele poderá falecer, já que não e possível que sobreviva sozinha. Esta certeza faz com que as famílias naturalmente concentrem-se nos bebês.

Contudo, com o passar dos meses, a criança vai se tornando mais independente, ate que já consegue beber sozinha, apanhar a colher sozinha (se deixarem), pedir comida, pedir colo, dizer que esta com frio e até formar frases inteiras. Nesta nova etapa, o ideal é que o casal volte suas atenções mais para si mesmo. É a hora de transacionar do módulo “TODA ATENÇÃO PARA O BEBÊ SE NÃO ELE MORRE” para o módulo “MAIS ATENÇÃO PARA O CASAMENTO, SE NAO ELE MORRE”. Entretanto, muitos casais tem falhado nesta transição. Tanto homens quanto mulheres não tem sido ensinados a transacionar da criança para o cônjuge.

É muito comum alguns casais que eram bem românticos e mantinham uma vida sexual ativa e satisfatória antes dos filhos, mas que  depois de tê-los, passaram a preocupar-se quase que exclusivamente com estes e esquecem-se um do outro e da importância do afeto e da sexualidade. Assim, a relação vai, devagar, transacionando de algo romântico e prazeroso, para algo com contornos mais funcionais, tipo: estamos juntos (ou existimos) para criarmos nossos filhos. Não é bom que seja assim.

Casais que viajavam juntos, que dançavam nos fins de semana e que premiavam-se com jantares a luz de velas, passam a deixar estas “paqueras” de lado, por conta das muitas demandas dos filhos. Todo o foco vai desequilibradamente para o(s) filho(s). Mas o pior é que muitos acham que isto é normal.

Não há nada de anormal em deixar o filho pequeno de dois anos de idade com uma vizinha, uma irmã, a avó ou uma amiga por algumas horas para sair com a esposa ou o marido para irem ao cinema, ou para jantarem fora, ou para irem ao motel (já que não se sentem mais à vontade para gritarem nas madrugadas com a babá ouvindo tudo no quarto ao lado). Contudo, tenho observado que, por pura ignorância e desconhecimento, muitos pais, especialmente mulheres, não conseguem desfocar-se mais dos filhos para olharem para as necessidades do cônjuge. “Meu filho é TUDO na minha vida!”

Este comportamento é comum tanto no homem quanto na mulher, mas, como foi ensinado que maternidade é um sacerdócio, é mais comum encontrarmos esta inclinação nas mulheres.  Consequentemente a relação conjugal vai se tornando funcional, como disse. A devoção pela prole vai tomando contornos, por vezes, doentio. Tão doentio que algumas mães pararão de ler este artigo aqui.

Mães lembrem-se, seu marido precisa tanto de uma mulher quanto seu filho precisa de uma mãe, e você tem de aprender a dividir sua atenção, carinho e dedicação entre eles. Não se esqueça de que você um dia saiu de casa. Assim como você, seu filho ou filha fará o mesmo, trocando-a por alguém que você ainda nem conhece e que não passou noites em claro cuidando dele ou dela. Dentro de alguns anos seu filho seguirá a vida dele e repetirá o que você fez com sua mãe: sairá de casa. E quando seu filho sair de casa? Você estará morando com o seu antigo namorado ou com um estranho? A casa se silenciará novamente, a rotina ficará mais light… O que você pretende fazer com aquele que ficou escanteado por anos (caso ele ainda esteja por lá)?

Conheço casais que, já na maturidade, logo após a saída do último filho de casa, olham um pro outro e perguntam-se: “E agora? Porque estamos juntos mesmo? Se a razão era estar junto para criar filhos… E agora?”. Assim, separam-se por serem dois estranhos morando juntos. Acabou a função do casal…

Lembre-se: os filhos se vão, o marido e a esposa ficam pra sempre. Cuide da relação conjugal e cumpra o delicioso papel confidente um do outro. Não permita que a maternidade mate a amante que existe dentro de você.

2 – Relação Conjugal:

CUIDAR DO MARIDO COMO SE FILHO FOSSE.

Seguindo a direção oposta do primeiro aspecto, acima abordado, este segundo afeta a dinâmica familiar justamente pelo excessivo cuidado que a mulher passa a ter, não apenas com os filhos, mas também com o marido. A mulher deixa de ser esposa para assumir o papel de a grande Rainha do Lar (por mais que ela odeie esta expressão). De repente ela entroniza-se e passa a assumir tudo, decidir tudo, mandar em tudo, cuidar de todos e vira mãe até do marido:

“Já cortou cabelo?

Vá cortar estas unhas!

Aqui não que vai sujar!

Deixa que eu faço!

Você não sabe fazer isto, sai daqui.”

Nenhuma mulher que vira a mãe do próprio marido faz isto por alguma maldade. Ao contrário, na verdade ela crê que está fazendo o certo. Esta atitude é denunciada por frases do tipo:

“Deixa que mamãe cuida do filhão”,

Ou, noutro extremo:

… “Vou resolver, pois este acomodado não serve para nada mesmo…”

Nos dois casos o homem permite a relação, ou por fraqueza de caráter, ou por estar extraindo alguma vantagem prática desta dinâmica disfuncional. Na maioria das vezes o homem encontra-se nesta segunda situação e acaba comportando-se como um adolescente tardio: “Já que tem alguém para tomar conta de tudo, melhor pra mim”.

Cuidar do marido como se filho fosse, além de trazer um peso extra para a mulher, e no longo prazo a deixar órfã de marido, pode também esfriar a relação sexual. Afinal, qual homem tem tesão pela própria mãe? Assumir o papel de super-mãe de todos faz com que a mulher seja idolatrada pelo marido como mãe exemplar, mas ela deverá preparar-se para ganhar uma nora de presente, pois a probabilidade de o marido satisfazer-se apenas com masturbação é baixa.

Homens, lembrem-se: suas esposas não são suas mães. Não tenham esta expectativa com relação a elas. Não exijam nem esperem que assim se comportem.

Conheço um casal em que a mulher é claramente a mão forte da casa. Ela grita, ela dá pití, dá ordens para todos: marido, filhos, empregada. A casa é um brinco: tudo muito organizado. Os filhos são bem arrumados e o marido é… Comportadinho na frente dela. Ele morre de medo da esposa. Totalmente subserviente. É uma relação bem definida: ela é a mãe brava de todos e ele parece até gostar de ter esta mãe (talvez alguma carência da infância ou repetindo algum processo mal resolvido). Mas o fato é que: sim, ela tem vááárias noras…

3 – Liderança familiar:

SEQUESTRAR DO HOMEM SEU DIREITO DE SER UM PAI PRESENTE.

Parece incrível, mas tem mulheres que sequestram a paternidade do marido, não deixando-o aproximar-se dos filhos de forma mais íntima e contundente. Ou por ciúmes ou por insegurança. Mas muitas mulheres não deixam seus maridos darem banho no bebê, por para dormir, dar de mamar e outras coisas do gênero. Assumem a criança e defensivamente bradam: “Deixa, você não sabe fazer isto”.

Homens, assumam o seu papel dentro da dinâmica do lar. É sua responsabilidade ser presente, carinhoso e educador.

Conheço mulher que tem insegurança até de deixar o(a) filho(a) com o pai por algumas horas sozinho (seja um bebê ou seja maiorzinho). Alguns homens até protestam, reclamam o direito de sair sozinho com o filho ou filha, mas ante a “Santa Mãe”, acabam perdendo a discussão fácil, especialmente se houver plateia. Alguns outros homens acabam assumindo aquele papel secundário de eterno adolescente: “Que bom que não tenho que olhar criança mesmo!” e vão reforçando o papel de progenitor, mas não de pai. De doador de espermatozoide, mas não de educador. De incapaz, não de herói. Assim a disfunção familiar pode agravar-se e, na adolescência, quando a mãe não mais conseguir segurar as regras sozinha, o pai já estará tão fora do processo educativo todo que fará ouvidos de mercador ante aos gritos da mãe: “E você , não vai dizer nada?”. Claro que o pai não vai dizer nada para o(a) filho(a) adolescente, pois ele nem sabe como dizer, já que nunca houve uma relação emocional desenvolvida. Dizer o que? “Toma que o filho é teu!”

Deixe o pai do seu filho ter seus momentos a sós com a criança. Irem sozinhos no parque, dar banho sozinho, ir tomar sorvete ate ir à escola. Seu marido não é um retardado. Não tenha inseguranças. Não tenha ciúmes ou medos infundados. Mesmo que vocês já sejam separados, não sequestre do seu filho o direito de querer gostar do próprio pai. Cresça!

Luciano Maia

LEIA TAMBÉM (links):

CRISE CONJUGAL I  – Manual Prático para Jovens

CRISE CONJUGAL II – Grana ou Sexo?

 

 

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