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CANSEI DE SER PERFEITO – Um testemunho de Pedro Azevedo

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Um dia estava eu, minha esposa e filho em casa, e ele disse: “Meu pai nunca chora!” Rapidamente minha esposa satirizou: “Seu pai não chora? Ele é a pessoa mais chorona que existe.” Naquele momento eu percebi que havia prejudicado, e continuava prejudicando várias pessoas, inclusive e principalmente meu filho, ao passar uma imagem não humana de fortaleza, em todas as horas e circunstâncias. Eu não incentivava ele e outras pessoas que já haviam convivido comigo, que não há fortaleza nenhuma em mim, e talvez, na maioria das pessoas, minhas fragilidades são tão grandes, que se eu as expuser, talvez ninguém mais me verá da mesma forma.

Confesso que foi assim eu fiz em muitos momentos, escondendo minhas fraquezas inconscientemente, acreditando verdadeiramente que não as tinha. Já em outras oportunidades, as escondi e fingi não as ter propositalmente, e as ocultei de todos e até tentei as esconder de mim mesmo. 

Após uma manhã maravilhosa com os jovens da comunidade onde sirvo, logo após um evento, me sentia inquieto. Deixei os jovens que havia me comprometido buscar e levar, em suas casas, e finalmente chegando em minha casa, almocei, ensaiei assistir um filme e acabei pegando no sono, mas não durou muito tempo a vontade de dormir, a inquietação voltara novamente, inicialmente levando-me a levantar várias vezes para ir ao banheiro, num dado momento desisti de continuar tentando pegar no sono e agora me encontro escrevendo sobre minha vida. Me senti compelido a compartilhar algo para uma geração.

Ouvindo uma ministração da Priscila Alcântara, concluí que gosto de ouvir as novas gerações, que se entregam de uma maneira tão pura e verdadeira a tudo que se propõem a fazer, que é possível identificar paixão em suas falas, comportamentos e expressões de entrega, em tudo que fazem, seja para falar de Deus, mesmo sem grandes conhecimentos teológicos, seja para levar seu corpo ao extremo de seus limites, mesmo de uma forma inconsequente, em atividades físicas ou tantas outras. Ou seja para experimentar prazeres, mesmo que temporários, e principalmente, rindo, chorando e vivendo. Acabei entendendo o que eu estou fazendo aqui, sentado, escrevendo este testemunho.

Minhas “fortalezas” emocionais me fazem mais mal do que bem, e ainda podem causar destruição às pessoas que estão a minha volta, seja aprendendo por observação ou ensinamento direto, pois ao apresentar a figura de um homem forte, centrado e meio que Wolverine, acabo incitando pessoas a nem tentarem viver, pois cada uma sabe de si, e entende que poderá não conseguir ser como eu.

Mas e se eu expusesse minhas fragilidades? Se eu me revelasse como realmente sou, será que eu poderia ajudar as pessoas a também não desistirem? Identificando que talvez até sejam muito mais fortes e capazes que eu?

Comecei a acreditar que sim, e por isso estou aqui registrando este testemunho, apresentando a todos o Pedro Azevedo de verdade. Ou melhor, o Pedro Paulo Lima de Azevedo. Mesmo com todas minhas fraquezas, falhas, enganos, covardias, medos e tantas outras coisas que sou, faço e fiz, eu não desisti de viver, e até consegui construir algumas coisas, sendo capaz até, de reconstruir muitas outras.

Construí uma carreira militar (Tá! Confesso, não é assim uma carreira brilhante, mas fiquei na média).

Participei e criei alguns projetos humanitários, educativos e sociais.

Construí, destruí e reconstruí minha vida amorosa e casamento.

Estou construindo uma paternidade de verdade, talvez bem próxima da que eu queria ter tido, ou até tive, só a não reconheço ainda.

Tentando construir um ministério pastoral, mas acho que não tenho me saído muito bem nessa construção, pois não consigo me enquadrar em alguns padrões ou compreender algumas coisas e conceitos pré-estabelecidos durantes anos e anos, mas não vou desistir de tentar.

Confesso que estou me aproximando e aprendendo a viver com todos da minha família sanguínea, mesmo com tantas coisas e pensamentos diferentes que temos, em muitos assuntos, principalmente sobre como viver a vida, mas tenho aprendido com eles e com nosso relacionamento.

Há! Esqueci do mais importante (eu acho) estou aprendendo a fazer amigos e confiar nas pessoas… E o quanto isso tem me feito bem! Pois assim me torno mais humano. Hoje compreendo a importância da comunhão, não aquela das “Santas Ceias”, mas a do partilhar o pão de cada dia.

Pedro Azevedo.

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