DEUS É BOM… ELE É MUITO, MUITO BOM…

 

 

Se existe gente que se zanga porque Deus é bom, então, existe gente para reclamar de tudo o mais.

Jesus contou a seguinte parábola:

Numa cidade havia muitos desempregados. Porém, certo empresário contratou um grupo e combinou uma diária começando às 6 da manhã. ÀS 9 horas ele saiu e contratou outros. Fez o mesmo às 13, às 15 e às 17 horas. Porém, o que ele dizia agora era: “Vão trabalhar, e darei o que for justo!” Às 18 horas o empresário mandou que seu gerente pagasse os diaristas, começando dos últimos até aos primeiros. Vieram os das 18 horas e receberam uma diária cheia. E, assim, até aos que haviam chegado às seis da manha, todos receberam a mesma coisa. Então, os que haviam chegado antes de todos, e feito muito esforço, zangaram-se contra o empresário, e disseram: “Você está sendo injusto. Está dando a quem trabalhou apenas 1 hora o mesmo que você dá a nós, que sofremos o dia todo.” Assim, respondeu-lhes o empresário: “Amigo, não cometi injustiça contra você. Mas por que os olhos de vocês são maus por que eu sou bom? Acaso não posso fazer o que quero do que é meu? Toma o que dei a você e vai, pois, farei com o que é meu o que eu quiser!”

Jesus contou esta história porque tinha gente zangada em razão da bondade de Deus!

Quase sempre a Graça faz mal a quem é invejoso!

Sim! Porque a pessoa pensa:

“Por que no meu tempo eu ralei tanto e esta nova geração tem tudo tão fácil?”




Sou bispo ou cavalo?

 

Ocorreu-me a quatro anos quando andava pela praia pensando em tudo e em nada: “Sou eu um peão no tabuleiro de xadrez de alguém ou o outro é que é uma peça colocada em meu jogo?”

Muitos pensadores referem-se à vida como sendo um local de encontros e desencontros. Pessoas que entram em sua vida para serem protagonistas, depois saem dela – ou não. Nossa vida – é ensinado por muitos – como sendo um curso no qual pessoas te servirão e você servirá a pessoas. Cremos que assim Deus vai tecendo um lindo tapete que é a nossa vida.

Mas assim questionei: Mudei-me para Brasília para que a minha história fosse construída ou para construir a história de alguém que necessitava de alguma habilidade (ou inabilidade) minha? A Cida é hoje a nossa ajudante lá em casa porque precisamos dela ou é nossa família que é importante na construção da história da Cida? Fui contratado neste emprego para que eu recebesse uma bênção de Deus ou para que meu patrão recebesse uma bênção de Deus? Qual é o fio da meada?

Se a vida for comparada a um tabuleiro de xadrez, podemos comparar as pessoas, circunstâncias e escolhas como bispos, cavalos, torres, reis, rainhas e peões que vamos movendo, conforme nossa estratégia diz que será a melhor jogada, buscando segurança emocional e física, conforto espiritual, sentimentos de realização, felicidade e coisas que consideramos necessárias a nós. Movemos as peças no tabuleiro segundo nossos desejos, punções, fobias, crises, paranoias, necessidades e conhecimento. Tomamos decisões. A frase é tão óbvia, mas tão óbvia, que foi o Paulo Coelho que escreveu numa de suas obras: “Viver é tomar decisões”. Por vezes estamos ganhando o jogo, por vezes perdendo. Por um golpe, lágrimas convertem-se em riso e… Xeque-mate!

Concluí que todos somos peças no tabuleiro alheio, sendo que o nível socioeconômico define quem pertence ao tabuleiro de quem. Infelizmente é assim. Não existe igualdade. A bênção de Deus não é democrática. De maneira quase mesquinha e com vistas aos nossos próprios interesses, muita e muitas vezes movemos as pessoas que estão abaixo de nós como peças em nosso tabuleiro, visando a nossa vitória no jogo da vida, visando nossa felicidade… Nossos interesses. Quando o ser-humano exerce superioridade intelectual, financeira, social ou emocional sobre outro, o considera peça no tabuleiro de sua vida (conscientemente, ou não!). Mas não devemos nos enganar: Nós também somos peças nas mãos de outros. Todos somos peças! Será que sou um bispo ou um cavalo? E de quem? E para quais fins? Só não está sendo manipulada a peça que já morreu e saiu do jogo.

Jesus compreendia isto muito bem. Ele chamava este tabuleiro de vida e as regras deste jogo de “mundo”. Ele compreendeu que revolução política alguma seria capaz de mudar este cenário, mas ensinou que apenas o verdadeiro amor pensa primeiro no próximo e não em si mesmo e em seus próprios interesses.

Quando amamos as pessoas de verdade, não as usamos como peças do nosso xadrez, mas as respeitamos e buscamos o melhor para elas.

Amar o amor de Jesus significa jogar não para ganhar, mas viver para empatar o empate da Graça. Mover as peças não para o buraco, mas entender que as pessoas que passam em nossas vidas devem em primeiro lugar serem servidas. Se eu primeiro me sirvo das pessoas-peças, estou sendo um jogador mundano e não tenho conversão.

Conversão é não querer ganhar, mas deixar que Deus mexa as peças.

Pois, no fim das contas, esta partida tem um juiz – que não gosta de jogo roubado.

 

Luciano Maia

Brasília, Carnaval de 2013.

 

Agora, pausa para a arte!

 




Deus, o homem e o tempo

 

Pensar sobre o tempo cotidianamente parece ser uma tarefa simples. “Daqui a pouco eu tenho um compromisso”, “mais tarde irei jantar com os meus pais”, “em duas semanas irei viajar”, “faz 10 anos que me casei” são exemplos de frases que implicitamente evocam da mente humana uma certa noção do tempo. Nota-se, em todas elas, que o tempo em si não é definido, mas apenas intervalos de tempo são mencionados. Mas então, o que é propriamente o tempo?

 

É uma questão muito difícil de ser respondida, mas a princípio, é possível medir o tempo. De acordo com o Sistema Internacional de Unidades, a unidade padrão para que se possa medir o tempo é o segundo. Historicamente, o segundo era definido em termos da dimensão e rotação terrestre (em termos mais precisos, 1/86400 de um dia solar médio). Atualmente há uma definição mais precisa do segundo, definida em termos do período de radiação do átomo de césio 133. Mesmo com a definição de um padrão, ainda assim não se chega a uma resposta do que é o tempo.

 

Albert Einstein, uma das maiores mentes do século XX e desenvolvedor da Teoria da Relatividade, numa tentativa de definir o que é tempo disse que ele é “uma ilusão. A distinção entre passado, presente e futuro não passa de uma firme e persistente ilusão.” Essa ilusão de que Einstein fala está ligada intimamente à percepção humana do que é tempo. Intuitivamente, nossa experimentação nos diz que o tempo se divide em passado, presente e futuro. 

 

Santo Agostinho, no Livro XI de sua famosa obra “Confissões” reflete sobre o que é passado, presente e futuro. Ele afirma que não existe passado e nem futuro, mas o que realmente existe é nossa experimentação contínua de um presente. E por que o passado e o futuro não existem? Segundo o Bispo de Hipona, o passado é aquilo que vem até nossas memórias, e não os fatos em si, que já deixaram de existir. Por exemplo, lembramos de nossas brincadeiras quando éramos crianças, e isto são memórias de acontecimentos que já não podem mais existir. Quanto ao futuro, isto seria uma esperança daquilo que ainda há de vir, portanto ainda não existe. 

 

A conclusão de Agostinho, portanto, é que existem três tempos: presente do passado, presente do presente e presente do futuro. Presente do passado porque o passado só existe como uma memória no presente. Presente do futuro porque é aquilo que se espera que aconteça. E assim, a nossa percepção, ou o nosso espírito, vive nesse presente do presente, pois é aquilo que existe.

 

Até aqui refleti sobre o que é tempo, apesar de não chegar a uma resposta definitiva sobre o que ele realmente é. Mas de que vale tudo isso? Antes de afirmarmos qual valor tem essa reflexão, é importante ressaltar que existe um ser único tal que sua existência não está limitada ao tempo. Já que não se limita ao tempo, podemos dizer que ele não envelhece, não tem início e nem fim. Ou seja, não é algo criado, porque tudo que é criado tem início, meio e fim. Esse ser, o qual o conhecemos como Deus, é eterno, e na eternidade determinou o início e o fim de tudo aquilo que Ele criou. 

 

O esforço de compreender a natureza do tempo nos leva a um caminho que é uma tentativa de conhecer Aquele que se apresentou a Moisés como “Eu Sou” (Ex. 3:14). Note que Ele não era, e nem será. Ele É! É como se Deus vivesse um eterno hoje. Para Ele nada se passa, e nada vem. É como se o tempo, que tem início e fim, fosse um único ponto, e Deus, que possui sua existência fora da limitação do tempo, observasse esse ponto em que se encontra passado, presente e futuro. Ele sabe tudo sobre o passado, assim como conhece o hoje e o que há de vir. 

 

Entender sobre Deus e sua natureza (em especial, sua eternidade) nos leva a uma compreensão de nós mesmos. Compreender (não de uma forma exaustiva) o divino acaba apontando para algo em nós: nossa temporalidade. Certo é que, diante de um ser que transcende nossa compreensão, nós somos apenas um grão de poeira diante dEle. É como Moisés, no Salmo 90, disse: 

Tu os arrebata no sono da morte; são como a erva que cresce de madrugada, de madrugada cresce e floresce, e à tarde corta-se e seca” (Sl. 90:5-6). 

O que somos nós diante dessa experiência tão visceral que é o tempo? Os anos se acumulam em nossas costas, nós mudamos e então a morte dessa vida nos arrebata. Assim, vemos uma importância sobre refletir o que é o tempo: temos consciência da nossa limitação  e fragilidade, e assim, recorremos e adoramos Aquele que é, que não envelhece, que não muda e é imortal. 

 

Além desse chamado a adorar o grande Deus, refletir sobre o tempo nos traz sabedoria. No mesmo Salmo citado no parágrafo anterior, Moisés diz “Ensina-nos a contar os nossos dias de tal maneira que alcancemos o coração sábio” (Sl. 90:12). Essa sabedoria, que não vem de nós, mas sim do Senhor, pois é Ele quem nos ensina, não está relacionada só a uma contagem de números quanto ao nosso tempo de vida. Sabemos que geralmente “a duração de nossa vida é de setenta anos, e, […] alguns, pela sua robustez, chegam aos oitenta” (Sl. 90:10-a), entretanto, o que seria a contagem do tempo? Certamente aqui não é o caso de recorrermos ao padrão definido pelo SI sobre o que é tempo para mensurarmos uma certa quantidade, mas sim, sobre o quão rápido é nossa peregrinação aqui na terra. Pois, certamente, Deus não nos fez para simplesmente estarmos limitados a essa frágil temporalidade. O quão perturbador seria se nossa existência fosse presa à mortalidade do nosso corpo. Mas Deus nos criou para louvor e glória dEle, e colocou em nossos corações a eternidade (Ec 3:11). 

 

Que ao refletirmos sobre o tempo possamos reconhecer a grandeza de nosso Criador e louvá-lo por isso. Que também possamos reconhecer nossa pequenez e fragilidade diante do Deus imortal e do tempo, para que assim alcancemos um coração sábio. Finalizando o texto, gostaria de deixar duas citações: 

“Antes que os montes nascessem, ou que formasses a terra e o mundo, de eternidade e eternidade, tu és Deus.” (Sl. 90:2)

És grande, Senhor e infinitamente digno de ser louvado; grande é teu poder, e incomensurável tua sabedoria. E o homem, pequena parte de tua criação quer louvar-te, e precisamente o homem que, revestido de sua mortalidade, traz em si o testemunho do pecado e a prova de que resistes aos soberbos. Todavia, o homem, partícula de tua criação, deseja louvar-te. Tu mesmo que incitas ao deleite no teu louvor, porque nos fizeste para ti, e nosso coração está inquieto enquanto não encontrar em ti descanso.”

(Confissões, Livro I, cap. I- Louvor e Invocação; Santo Agostinho)

 

JOÃO!

 




Ah! Se eu fosse um deus…

PARTE I:
Como posso aceitar um Deus que permite que as pessoas construam casas nas encostas dos morros fluminenses e depois este mesmo deus depois permite “que chova três dias sem parar”?
Como aceitar um deus que envia um dilúvio que matou tanta gente? Famílias e famílias foram dizimadas (do mesmo jeito que atualmente ele continua fazendo com a famílias fluminenses). Só sobrou mesmo Noé e sua família… O resto, Deus levou! Sequer sobrou voluntários para exercerem solidariedade. Como posso compreender um deus que deixa um terremoto ceifar vidas no Haiti? Como posso entender um deus que permite que uma onda gigantesca engula grande extensão de terras na Ásia, matando tantos inocentes?

Como posso aceitar um deus que criou um planeta que cospe fogo por meio de vulcões, sendo que apenas um deles, o Vesúvio, soterrou com lava toda a cidade de Pompéia, matando em poucas horas todos os seus 30 mil habitantes? Uma crueldade divina.

Como posso crer num deus que permitiu que um asteroide atingisse a Terra há 65 milhões de anos, extinguindo todos os dinossauros? Um sadismo cósmico.

Como posso eu compreender um deus que fez um planeta todo errado… Um planeta vivo, que respira, que venta, que se movimenta, que promove chuvas fortes e fracas. Que cria ondas grandes e pequenas, que esquenta e que esfria. Que está vulneravelmente flutuante na Via Láctea, sem nenhuma grade de proteção para impedir que outros corpos celestes viajantes o atinja.

Aliás, como aceitar um deus que cria outros corpos celestes vivos e magnificamente viajantes, turistas intergalácticos, que em seus perpétuos passeios ameaçam o descanso dos planetas vizinhos?

Ou deus não existe ou ele fez tudo errado…

Se fosse feito por mim, o Planeta Terra, não teria ventos, nem marés, nem ondas, nem placas tectônicas, muito menos chuvas ou tempestades. Eu teria feito um planeta mais estéril, mais morto, mais paradinho.

Se eu fosse deus, não teria feito a evolução geológica, não… Nem qualquer manifestação da natureza.

Deus não poderia ter sido tão cruel permitindo a evolução das coisas. Deus deveria ter sido um pouco mais criacionista e menos evolucionista.

Revolto-me com deus por ele ter sido tão naturalista-evolucionista, dando ao planeta tanta liberdade de desenvolvimento e crescimento.

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PARTE II:

Como posso compreender um Deus que deixa tanta gente morrer de fome na África? Se eu fosse um deus não seria assim, mas eu mataria num grande terremoto os que oprimiram e oprimem os africanos. Se eu fosse um deus eu mataria afogadas (ou nem deixaria nascer) as pessoas que desmatam o Brasil, provocando catástrofes.

Como posso entender um deus que permite que os homens tenham o livre arbítrio? Herodes, Gengis Khan, Stálin, Hitler, Mao Tsé-Tung, Che Guevara, Somoza, Pinochet, Ceausescu, Saddam Hussein, Mugabe, Idi Amin-dada… Todos eles perpetraram holocaustos, torturas, censura política, corrupção, genocídios… Todos eles, em continentes diferentes, causaram a destruição e a morte de milhares, de milhões de seres humanos, homens, mulheres e crianças, em nome de regimes totalitaristas, de ideologias políticas, de uma sede sádica de poder. Mas se eu fosse um deus, seria diferente: Ou não deixaria você fazer o que você quer fazer ou providenciaria grandes tsunamis para acabar com todos os homens que fazem o que querem… Se eu fosse um deus, o mundo seria muito, muito melhor. Este seria um planeta de paz.

Se eu fosse deus, apenas eu seria o Grande Ditador, e não deixaria as pessoas fazerem o que querem. Não deixaria o homem ter poderes e vontades e assim não existiriam os ditadores sanguinários e nem pessoas morando em casas com mais de 200m². Todos seriam os meus títeres.

Como posso aceitar um deus que criou o homem, assim, tão cheio de liberdades? Tão dono de seu próprio nariz? Tão decisor entre o bem e o mal? Tão livre para amar e fazer o bem ou para matar e propagar o mal? Assim, tão… Humano!

Como posso eu compreender um deus que fez os homens que fazem as guerras? (seja guerra com o seu vizinho, seja contra outras nações). Que fez você que adultera? Que fez pessoas que traem os amigos? Que roubam do Estado? Que se fingem de cegos ante a injustiça social que promovem ao negar vê-la? Se eu fosse um deus, faria com que um asteroide caísse violentamente na cabeça destes homens voluntariosos.

Ou deus não existe ou ele fez tudo errado…

Se fosse feito por mim, o homem, não teria vontades, nem artes, nem poesia, nem paixão, ne, tesão, nem amor e sequer opinião própria. Eu teria feito um homem mais estéril, mais morto, mais paradinho.

Se eu fosse um deus, não teria feito a evolução humana ou qualquer manifestação emocional.

Ah! Se eu fosse um deus…

 

Luciano Maia

 

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E por falar em liberdades humanas, veja o que este filme publicitário nos revela sobre o mau comportamento dos indivíduos…

Este outro filme é outro exemplo que também nos faz pensar sobre nossas influências sobre os rumos da humanidade.