MEDO DE SENTIR MEDO
POR JOBERSON LOPES
POR JOBERSON LOPES
A Bíblia é maravilhosa porque é atemporal, ela ensinou, ensina e vai continuar ensinando. Cada dia mais atual! Deus fala com cada povo de acordo com a sua capacidade de entendimento.
A ciência não muda toda hora por ser é algo ruim ou errado. Ciência e fé não são coisas antagônicas. A ciência é a medida do quanto a humanidade consegue entender o universo, a existência, a palavra de Deus. Dez Mandamentos é coisa criança! (Êxodo 20:1-17 e Deuteronômio 5:6-21), pois foi a maneira simples com que Deus falou àquele povo, entre o sec. XVI e XIII antes de Cristo. Na Bíblia, a partir de Jesus, no séc. I, Deus já nos falou algo mais complexo, mais filosófico (Mateus 22:34-40): Se você amar a Deus sobre todas as coisas (o mesmo dos dez mandamentos) e o seu próximo como a você mesmo, você não vai roubar, matar, adulterar, nem mentir… porque você não quer que ninguém faça isso para você. É muito óbvio e ainda assim, amar o outro é a coisa mais difícil que existe. Se você diz que ama a Deus, você naturalmente ama seu semelhante. Se você diz que ama a Deus, você não pode não amar o seu semelhante. E você não ama! Porque você é mau! Porque amor é escolha, não é sentimento. E você escolhe não amar seu inimigo. Porque você quer que ele se dê mal. E você trama e você fantasia com ele se dando mal. E você diz: “a ira do Senhor vai recair sobre você, porque você me cortou no trânsito… ou a mão de Deus vai te julgar porque falou algo ignorante na internet”.
Nós já avançamos muito desde a antiguidade, mas o ser humano ainda é muito ignorante. Não cancele as pessoas, eduque! A questão é que educar é muito mais difícil do que cancelar, porque pra educar, você tem que amar. Você tem que escolher amar pra educar alguém. Punir é fácil. Excluir, deletar, matar a tudo o que te incomoda, é algo maligno e portanto, perigoso!
Eu estou passando pelo que me parece ser o clímax do meu processo de conversão. Eu venho me convertendo há muitos anos, sob a oração de um monte de gente, sob o exemplo de algumas pessoas, e esse clímax da minha conversão tá acontecendo sob a palavra de um pregador que nem sabe quem eu sou. Eu tenho escutado os testemunhos e pregações do Rodolfo Abrantes e têm me tocado muito. Eu fui dos que achei que ele tava ‘viajando’ quando ele largou o Raimundos pra “virar crente”. Pra mim foi pior do que quando eles se venderam musicalmente por conta de grana, mas olha aí eu pecando e julgando meu irmão novamente. Apesar de que agora eu tô começando a entender qual é a dele.
Deus é tão doido que eu sou genro do pastor, e é verdade que, usando meu sogro, Deus já operou muitos milagres na minha vida, mas depois de ser criado na igreja católica e frequentado até por volta dos 12 anos, ter ido pro mundo e vivido tudo o que, com meu pouco juízo, eu achasse que me convinha. Voltado pra igreja muitos anos depois e conviver já há dez anos com Pr. Luciano como meu pai, mais do que apenas como conselheiro espiritual… e ainda assim, eu não conhecia Deus até alguns dias atrás. E eu tava há muito tempo tentando conhecer – ou talvez eu não estivesse tentando tanto assim… Mas a verdade é que como ele fala pra cada povo no seu tempo, ele também fala para cada pessoa em seu tempo e na sua capacidade de entendimento.
Cada conversão é diferente. Eu vejo muita gente que tem uma experiência com Deus e aí se torna crente. Eu me tornei crente e dez anos depois, só agora, eu tô começando a ter uma experiência com Deus. Eu achava que quando eu fosse batizado novamente (porque eu já havia sido batizado católico antes de resolver “virar crente”) algo mágico aconteceria e eu ia começar a falar em línguas, e curar, e profetizar. Mas com Cristo não há mágica… o que há é milagre. E o tempo de Deus é misterioso. Ele tá trabalhando na minha conversão já tem uma década… e dói, viu?! Não é fácil não. Eu que sempre fui muito cético e me perguntava por que não há mais aqueles milagres grandiosos do antigo testamento, hoje entendo que abrir o mar parece grandioso, mas é coisa de criança. Quem precisava daquele milagre era um povo antigo, ignorante, que tava lutando pela sobrevivência da sua etnia. Hoje, nós precisamos de outros milagres. Hoje a gente tem tecnologia pra abrir o mar. E tem também tecnologia pra criar mar onde não existe. O que a nossa geração precisa aprender é a amar! Essa é a missão dessa geração e pra isso, Deus tem levantado pessoas em todos os lugares e em todos as tribos! Amar é a lição mais difícil de todas! E o milagre que Deus quer operar na vida de todos nós hoje não é riqueza, é um tesouro; não é sucesso profissional, é sucesso espiritual; não é nem saúde, é vida. Hoje o Senhor quer que aprendamos a amar! Amém?
Stevan Maia de Camargo Corrêa
Inverno/ 2021.
A nossa sociedade tem uma tendência de rotular algumas pessoas como “vencedoras” e outras como “perdedoras”. Além da evidente pequenez desta categorização, o problema fundamental disso é a sugestão de que a vida pode ser uma corrida individual e que, no final dela, é possível classificar todos os competidores do melhor ao pior.
A verdade mais confusa e complexa é a de que a vida realmente é composta por diversas corridas que se desdobram ao mesmo tempo em áreas diferentes e com diversos tipos de troféus e medalhas à vista. Há corridas por dinheiro, fama e prestígio. Mas também há outras corridas. Há aquela que revela quem consegue ficar mais calmo diante da frustração, uma para identificar quem pode ser mais gentil com crianças, outra que mede o quanto alguém é um amigo verdadeiramente leal. Também há corridas focadas no quanto uma pessoa presta atenção no céu estrelado ou o quanto consegue se deliciar com as frutas do outono.
Ninguém vence ou perde o tempo todo. Entendemos que não podemos ganhar sempre. Ao examinarmos as pessoas mais de perto, é possível ver que aqueles que aparentam levar todos os prêmios e são saudados em alguns lugares como atletas super-humanos da vida não podem realmente triunfar em tudo. Eles, provavelmente, farão uma bagunça tremenda em outras corridas das quais participam.
Se não dá para ser um vencedor em tudo, o lógico é que também não seja possível ser um perdedor em tudo. Nunca fracassamos estrondosamente na vida em si. Quando erramos em áreas comuns e nos sentimos rejeitados e isolados, o universo só está nos dando uma chance excepcional de começar a treinar, o que significa que um dia nos tornaremos atletas de sucesso em outras corridas. Por isso é útil é útil nos dedicarmos a ressignificar os termos sucesso e fracasso. Fracassar bem é uma das artes mais necessárias que precisamos aprender. Tão necessário quanto “vencer bem”.
E se olharmos os grandes heróis da fé narrados no Novo Testamento, veremos grandes protagonistas, abençoados por Deus, os quais, por fidelidade aos seus valores tornaram-se “perdedores” conforme o valores da sociedade. Assim foi com João, o Batista, que teve a cabeça servida numa bandeja por denunciar uma relação amorosa inadequada. O que dizer de Estevão, que por realizar milagres acabou provocando inveja e fofoca dentre os religiosos, e por ser alvo de difamação, acabou sendo apedrejado. E aqueles que perderam seus empregos para seguirem um andarilho curandeiro chamado Jesus? Não é aquilo que chamaríamos de Sucesso. Como é difícil contextualizar isto. Paulo de Tarso disse o seguinte aos cristões da cidade grega de Filipos: “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, por cuja causa perdi todas as coisas.”
Os séculos XX e XXI foram marcados por consequentes mudanças no campo cívico, oriundas de um uma filosofia hedonista contemporânea, onde somente as coisas capazes de gerar um certo nível de prazer pertencem ao divino, enquanto qualquer manifestação de sofrimento é vista como maligna. É notável e até compreensível, tendo em vista as concepções modernas relativas a Deus, a crescente frustração e o afastamento entre o mundo e Deus.
O sofrimento pertence a Deus, o mundo agonizou até a morte por 40 dias e 40 noites durante o dilúvio (Gênesis 8:12), Moisés demorou 40 anos para atravessar o deserto do Sinai com os israelitas, povo escravizado durante anos no Egito (Deuteronômio 8:2). E Jesus foi açoitado, carregou sua cruz sob um sol ardente, foi crucificado ao lado de criminosos, e ainda bradou em sofrimento clamando por um pouco de água: “Estou com sede!” (João 19:28)
A pandemia de Covid-19 se mostra como um período desafiador no que concerne ao tema sofrimento, muitos vieram a falecer em decorrência dela, e a quarentena parece nunca ter fim. Porém, o número 40 para os antigos, e consequentemente na bíblia, está ligado com a purificação, não por acaso o dilúvio durou por 40 dias e 40 noites, Moisés passou 40 anos no deserto, Jesus foi tentado por 40 dias e 40 noites após seu batismo, e os leprosos e enfermos deveriam passar 40 dias em casa para um processo então denominado “quarentena”, processo esse tão atual.
Todavia, após a purificação há de ocorrer a vitória, como para Noé foi a pomba com uma folha de oliveira pendurado pela boca; para Moisés a vista da terra prometida, e para Jesus, após sua crucificação, sua vitória foi marcada por seu brado, momentos antes de sua morte, como dito em João:
“(…) Jesus disse ‘Está consumado’, com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito” (João 19:30).
Durante os dias de nossa vida, até podemos nos distanciar de Deus, mas Deus se revela a nós, e nós inevitavelmente, retornamos a Deus, como Jesus também retornou, (Lucas 23:46). Portanto, é equivocado pensar que diante das adversidades, das enfermidades, diante do vale dos ossos secos, Deus se ausenta. Pois, na realidade, o Senhor está conosco em todas as situações, até mesmo nos momentos de maior aflição, como está escrito:
“Ele os deixou passar fome e depois lhes deu para comer o maná, uma comida que nem vocês nem os seus antepassados conheciam. Deus fez isso para que soubessem que o ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que o SENHOR Deus diz” (Deuteronômio 8:3-6).
Deus não está oculto, mas se revela a nós através de sua criação, e todas estas coisas, tangíveis e intangíveis, provém dele. Todas as coisas estão em Deus, seja o gozo de felicidade ou as lágrimas de luto, todas as coisas fazem parte do plano de Deus, e toda a criação se nutre de Deus, como uma folha mantém sua seiva em seu interior, seiva que nutre e a mantém viva, pois, a árvore da vida fixa suas raízes no céu. Tudo exsuda Deus.
Iago Birnbaum
julho de 2021.