VOCÊ FOI DESPEJADO…

Chama-me a atenção o fato de Deus tirar Abraão de sua terra para envia-lo a um lugar longe e distante… Como consequência ele se tornaria um despatriado patriarca de um novo povo. Abraão teve de deixar seu conforto sócio-existencial, correr perigos, caminhar sem rumo e ter dúvidas e medo para tornar- se um ícone da religião judaica, a qual não fundou, mas foi fundada com base em sua jornada. Seu filho, Isaque, teve destino semelhante ao tornar-se também um errante. E o mesmo com seu neto, Jacó.

Em sua velhice, Jacó já não mais era um errante. Confortavelmente sedentário com seus doze filhos, ele nada mais planejava, senão, morrer, vendo sua descendência prosperar em netos e bisnetos… Mas uma terrível  seca, vinda da parte de Deus faz que ele e toda sua família novamente fossem desalojados, deixando sua “terra prometida” e migrando para o Egito, onde o Senhor estava abençoando os adoradores do deus Ráh!

Neste tempo, seu filho desaparecido, José, já era o governador daquelas terras, pois foi o primeiro da família a ser desalojado: foi expulso da presença da família do pai, por obra do Deus que planejou sua escravidão.

Mais de um século depois, os descendentes de todos estes que estiveram no Egito, já numerosos, novamente foram desalojados, retornando para onde José passou sua infância com o pai Jacó. Meu Deus… Quanta mudança forçada!

Outro conhecido nosso, Jonas, foi desalojado e enviado para Nínive. Como não queria ir, virou comida de peixe, que, por fim, também o desalojou.

Jesus saiu de casa aos trinta e virou um andarilho! De sua casa ele não poderia promover a revolução cultural a qual deu início.

Seus seguidores também caminharam sem economia. Paulo, por exemplo, foi parar em Roma… Imagine… Foi bater noutro continente! Foram meses (ao menos seis) numa viagem desconfortável e perigosa.

Deus é um especialista em desalojar! Seu Espirito está sempre mudando o ser-humano. Arrancando-o do seu lócus. Se não físico, ao menos do lócus existencial. Sim, o Espirito de Deus nos tira do conforto existencial… Nem sempre experimentamos um desalojar físico, mas para os que são movidos pelo Espirito, sempre haverá um desalojar existencial.

Por vezes nos acomodamos em nossas existências. Mas basta um vento (Huáh) para arrancar nossas raízes da terra velha, nos incomodar, nos mudar daqui pra lá, das certezas, para incertezas, do certo, para o duvidoso. Sempre uma novidade! Mais que nós, Deus gosta mesmo é de novidade: Nova aliança! Vinho novo! Novo mandamento! Novidade de vida! Quando nos acomodamos, Ele traz o novo caminho, que para trilhá-lo, só mesmo desalojado.

Quando nos acomodamos em nosso erro, Ele balança nossa árvore existencial, derruba as frutas podres e, se necessário, poda-nos! Toda mudança gera crise, e nesse desalojar do velho e do inútil, inevitavelmente vem a crise da mudança. Os benefícios da mudança nem sempre são imediatamente observados e absorvidos, mas apenas tempos depois. O desalojar de Abraão não fez qualquer sentido para ele, pois ele não viu o resultado prático do seu desalojar, o que foi percebido somente nas gerações futuras, quando ele não mais existia.

Se você perceber que está sendo desalojado, física ou emocionalmente, não resista à ventania do Espirito, mas se deixe levar, como um barco à deriva no oceano da vida, deixe-se ser levado para onde a Huáh o levar.

Não tema o novo.

Não se apegue demais ao velho.

“Não ande ansioso pelo dia de amanha”, nem pelo que ele trará, nem pelo que ele tirará.

Desapegue-se! Assim você sofrerá menos e curtirá mais sua viagem, quando você for desalojado.
Deus, leva-nos! Leva-nos para onde quiseres!

Luciano Maia.

 

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O comercial abaixo da Volvo protagonizado por Van Dame foi real e arrebatador… Tanto que rendeu algumas paródias.

O astro dos filmes de ação Chuck Norris foi escolhido como protagonista para uma paródia natalina do comercial da Volvo com Jean-Claude Van Damme, sucesso na internet em 2013.

Uma empresa de animação resolveu mostrar, também abaixo,  como seria a versão de Norris para o espacate feito por Van Damme. Se no original a habilidade física do ator causou espanto, o substituto totalmente criado no computador para o novo filme consegue ir além. Falar mais estragaria a surpresa.

A responsável pela animação é a Delov Digital, da Hungria. O anúncio original da Volvo fez sucesso na internet, alcançando o posto de 10º vídeo publicitário mais compartilhado do ano. Confira a paródia.




Nóia ou Metanoia? (parte 2)

Por Stevan Maia Camargo Correa

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12:2

 

Recentemente, escutei em uma pregação que, diferente do que me foi ensinado e talvez também a muitos de vocês, o primeiro pecado, cometido por Adão e Eva no Éden não foi a desobediência. Segundo o pregador, a desobediência foi o segundo pecado, o primeiro pecado, que os levou à desobedecer, foi a falta de fé. Antes de desobedecer, quando tentados, duvidaram do Senhor (Genesis 3:1-5). Em outras palavras, é a falta de fé que nos leva à desobediência e, por consequência a todos os demais pecados. Mas isso não significa que não podemos ter dúvidas. Ter dúvidas, ter questionamentos, é algo bom, pois nos impulsiona a buscar a verdade e compreender a verdade, ou seja, conhecer a Jesus, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida (João 14:6). O que é pecado em si e também nos leva a outros pecados não é ter dúvidas, mas sim ‘duvidar’, entende a diferença? É a fé, única contrapartida possível em resposta à salvação pela graça de Deus, que quando não se apresenta, como vemos em Gênesis, nos leva à desobediência e por fim, também à falta de arrependimento (Gênesis 3:9-13).

 

Arrependimento é a tradução para o português da palavra grega metanoia. E a primeira coisa que precisamos entender quando se fala de arrependimento é que essa palavra é muito mal utilizada em nosso dia-a-dia. Arrependimento é uma palavra que apresenta uma série de sinônimos em nosso idioma, mas é preciso saber que o seu significado real – principalmente em seu contexto e subtexto – na maioria das vezes não tem nada a ver com a palavra grega de origem.

 

Metanoia significa conversão, mudança de mentalidade, de direção. Contudo, na esmagadora maioria das vezes que lemos, ouvimos ou falamos em arrependimento, estamos pensando em algo muito diferente, algo que chamarei aqui de remorso, palavra que tem origem no latim medieval e significa “tornar a morder” e está ligada a simples medo da punição.

 

Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa. A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte.

2Coríntios 7:9-10

 

Para entendermos então a diferença entre arrependimento (metanoia) e o remorso, imagine a seguinte situação: Eu cometo um assassinato e sou preso pela polícia. Na delegacia sou entrevistado por um daqueles programas policiais que fazem tanto sucesso e geram tantos memes. Na entrevista o repórter me pergunta: “você está arrependido?”. Entristecido, respondo que sim. Mas teria sido mais sincero se tivesse respondido “Claro… me pegaram”. Em uma situação como esta, não estou realmente arrependido, demonstro apenas remorso. Não estou arrependido do meu crime, de ter tirado a vida de outra pessoa, estou apenas entristecido por ter sido preso e com medo da minha punição. E não quero dizer que eu não poderia ainda me arrepender do meu pecado, mas que normalmente, é apenas o medo da punição que nos move e isso. Meus irmãos, isso não é metanoia. O arrependimento acontece quando, não por medo, mas por consciência, reconhecemos que o que fizemos é errado e a partir de então, passamos a buscar agir de forma diferente, não por medo de alguma punição, mas pela busca da verdade, do bem, por gratidão, por amor, sem interesse, sem querer nada em troca, pois foi para isso que fomos chamados por Deus e só assim não seremos escravos de nossos pecados.

 

Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.

João 8:31,32

 

Agora mudemos o exemplo de pecado acima para o que acontece quando tiramos uma nota ruim em uma prova: buscamos estudar e nos dedicar mais ou apenas inventar uma nova forma de “colar” e trapacear? O que nos move é querer aprender, ou termos medo de não passar de ano? E se o exemplo for de algo que peguei quando ninguém estava olhando? Será que vou me arrepender e devolver aquilo que não me pertence ou apenas ter remorso se um dia for descoberto? E se o exemplo for uma gravidez indesejada? Estaremos arrependidos por termos sido irresponsáveis com o sexo fora do casamento ou simplesmente com remorso pelo resultado “imprevisível” daquele ato?

 

Meus irmãos e irmãs, nosso Senhor Cristo Jesus, Seus apóstolos e todos os Seus discípulos, lhes dizem: “arrependam-se” e “não pequem mais.” (Mateus 4:17, 3:8, 3:11, Marcos 1:4, Lucas 3:3, 3:8, 5:32, 15:7, 24:47, João 5:14, 8:11, além de várias passagens em Atos dos Apóstolos e em muitas das epístolas apostólicas).

 

Stevan Maia de Camargo Corrêa




RESILIÊNCIA, ESTOICISMOE E ESPERANÇA!

Sempre que chamamos alguém de “estóico”, pela maneira de lidar com os desafios da vida com resiliência e calma estamos homenageando uma das escolas filosóficas mais icônicas da nossa história. Originado na Grécia por volta do ano 300 AC, o estoicismo foi, por muitos séculos, a filosofia mais popular no mundo ocidental, ensinando conselhos práticos sobre como as pessoas poderiam prosperar em tempos de incerteza e superar suas ansiedades.

 

Os estoicos são os pensadores ideais para nossa época ansiosa. Eles enfatizam que as coisas tendem a não acontecer como idealmente gostaríamos, como a má sorte, ou uma decisão consciente tomada por pessoas distantes e poderosas, pode estragar nossos planos. Precisamos ouvir isso. Os estoicos queriam saber como poderiam lidar com o caos, oferecem uma correção intrigante e valiosa à hipótese de que tudo ficará bem e nos convidam a entrar em sua busca por ordem, calma e razão em um mundo difícil. Acho que os Estoicos gostariam muito de ter conversado com o Apóstolo Paulo de Tarso, que tanto falou sobre o tema “esperança”.

 

Reunimos aqui alguns dos melhores insights e frases de grandes pensadores estoicos e os combinamos com a aplicabilidade a nossas próprias vidas.

 

“Se você tem a disposição para dominar a raiva, ela não pode dominar você.”

Sêneca

Para dominar a raiva, precisamos mudar nossa ideia sobre o que é normal.

 

“Pouquíssimas coisas são necessárias para ter uma vida feliz.”

Marco Aurélio

Vamos prestar menos atenção a vaidade e fofoca e, em vez disso, meditar regularmente sobre o conteúdo da nossa mente.

 

“Para diminuir suas preocupações, você deve presumir que o que teme que aconteça com certeza acontecerá.”

Sêneca

Sempre devemos pensar no pior cenário possível

 

“Os seres humanos são perturbados não por eventos, mas pelo sentido que dão a esses eventos”

Epíteto

Muito do nosso sofrimento está não em nossas circunstâncias, mas sim em nossa atitude com relação a elas.

 

“Nunca anseie agradar a multidão”

Quinto Séxtio

Devemos viver nossa vida em nossas próprias condições, segundo nossos princípios e crenças.

 

Tudo isto foi dito por pessoas nascidas mais ou menos 300 anos antes de Cristo. Contudo, podemos enxergar no conteúdo destas frases muito do que posteriormente foi chamado de “ética cristã”, uma vez que Jesus e seus seguidores construíram um sistema filosófico que valoriza um comportamento calmo e controlado, mesmo ante às agruras da vida.

 

Aliás, sejamos justos, mais ou menos 400 anos destes filósofos estoicos terem nascidos, um outro cara, também filósofo, chamado de Rei Salomão, também introduziu ideias inéditas que possuem forte ponto de contato com muitas das filosofias gregas que surgiram quatro séculos após seu nascimento, e também antecipou muito do que filósofos alemães e franceses disseram milênios depois dele. Não à toa Salomão foi considerado o homem mais sábio que este planeta conheceu. Leiam Salomão!

 

Eu sou “Estoicista”? Não. Apesar de concordar com muita coisa que eles disseram. Se eu tiver que escolher uma linha filosófica clássica, eu escolheria e me definiria como “Epicurista”. Mas também, não. Não sou totalmente “Epicurista”. Caso existisse esta definição na filosofia, eu diria que sou “Salomonista” (acho que este é um neologismo – não achei esta expressão no Google). Digo “Salominista” porque encontro nas obras “Eclesiastes” e “Provérbios de Salomão” (ambas de autoria do Rei Salomão) a linha filosófica que melhor guia minha existência e formata meu comportamento. Particularmente penso que a estrutura de pensamento de Salomão antecipou as escolas Epicurista e Estoica que surgiram bem depois dele.

 

Onde podemos chegar com toda esta filosofada de hoje? Acho que ser “Salomonista” é ser mais ou menos como bem definiu o sábio paraibano Ariano Suassuna, que disse:

“O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

 

Enxergo tanto a sabedoria salomônica quanto a ética cristã nesta frase de Suassuna. E acho que eu sou isto aí, um realista esperançoso: minha alegria provém da esperança, que jamais deixo morrer, sempre aguardando um futuro melhor; porém, nunca me cego para a concretude da realidade existencial e não deixo de enxergar a vida, dura como ela realmente é. Me ajude, Deus, a viver o dia de hoje!

 

Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração.
Romanos 12:12

 

Luciano Maia

(com contribuição de TSOL)