“E o bambú?”
O leste da Ásia é também conhecido como a Civilização do Bambu, não apenas porque o bambu tem sido amplamente utilizado na vida cotidiana, mas também porque suas qualidades simbólicas foram descritas e celebradas por centenas de anos na filosofia do Taoísmo.
O bambu é classificado como grama e não como árvore, mas é alto e forte o suficiente para criar bosques e florestas. Ao contrário de um tronco de árvore, os caules do bambu são ocos, mas seu vazio interior é a fonte de seu vigor. Ele se dobra em tempestades, às vezes quase até o chão, mas depois volta com toda força, resiliente. Devemos, diz Lao Tse, “tornar-nos como o bambu”.
O maior pintor de bambu foi o poeta, artista e filósofo taoísta Zheng Xie da dinastia Qing. Diz-se que Zheng Xie pintou 800 quadros de florestas de bambu, vendo neles um modelo perfeito de como uma pessoa sábia pode se comportar. Ao lado de um desenho de bambu com caneta e tinta, ele escreveu em caligrafia elegante: “Agarre-se à montanha, crie raízes em um penhasco quebrado, fique mais forte após as tribulações e resista ao vento forte de todas as direções”. Era dirigida ao bambu, mas significa, claro, para todos nós.
Quando nos vemos diante de um futuro difícil, é fácil ficar deprimido e não ter esperança. Mas uma das escolas de filosofia, o estoicismo, tem umpouquinho para nos ajudar a lidar com os tempos difíceis. Os estoicos amavam e desfrutavam a vida, e faziam isso sendo realistas sobre a imprevisibilidade da vida. Isso é o que significa ser resiliente. É a nossa habilidade – real ou percebida – de superar ou nos recuperar de situações difíceis, de dar a volta por cima dos problemas e entrar nos eixos outra vez.
Resiliência não é deixar para lá. Nós simplesmente não conseguimos fazer isso depois de muitos eventos da vida – e nem deveríamos querer. Resiliência é sobre seguir em frente, aceitando a perda ou a mudança. Mudança é o que mais estamos vivendo neste momento.
Nossa mentalidade – a forma como vemos ou abordamos o mundo e os problemas da vida – frequentemente determina nosso nível de resiliência e, portanto, como lidamos com mudanças e perdas. Desenvolver a resiliência frequentemente requer mudar pensamentos e comportamentos habituais: fazer mais o que aumenta a resiliência e menos o que a diminui.
Um passo essencial é assumir a responsabilidade sem sermos duros demais com nós mesmos: sentir-nos mal sobre algo pode nos motivar a corrigir a situação ou a mudar para melhor, enquanto sermos duros demais pode, na verdade, impedir-nos de agir.
E Jesus, o que ele nos ensina sobre somo lidar com a vida? Bem, Jesus não cansa de dizer “não andem ansiosos com o dia de amanhã, pois Deus tem cuidado de nós”.
Jesus não promete que irá mudar o ambiente em que vivemos, mas ele tenta nos ensinar a mudarmos a nós mesmos, buscando uma perspectiva de esperança e de segurança, não porque o mundo é bom, ou porque as pessoas vão mudar, mas porque temos um pai que cuida. Portanto, ser resiliente, no contexto do Evangelho, é ter esperança, e a esperança é a filha da fé.
“Portanto agora ficam estas três coisas: a fé, a esperança e o amor.” 1Co 13.
Resiliência é um tipo de esperança. Assim como otimismo pode ser encarado como um tipo de fé. E como disse Jorge Paulo Lemann: “Nunca vi um pessimista bem sucedido, nem nos negócios e nem na vida”.
Não quero dizer que devamos ser ingênuos em relação à vida e às pessoas. Aliás, Jesus não nos orienta a sermos ingênuos, pois ele diz “sejam prudentes como as serpentes”. Mas a questão é que viver não é para amadores… E Jesus, o profissional da vida, nos deixou esta lição da esperança e da fé, a qual Lao-Tsé parafraseou assim: “Torne-se como o bambú.”