Por Alexandre Marques Leite
Nos últimos meses tive a compreensão de que tudo oque fazemos, falamos e escolhemos geram
consequências para a nossa vida e para pessoas próximas a nós, como família e amigos. Nos últimos
meses tive a clareza de quão valioso é afeto, carinho, compreensão, comunhão para a vida das
pessoas, pois somos seres relacionais. Nos últimos anos tive o entendimento de que sozinho você vai
rápido, mas em grupo você vai mais longe. Nos últimos anos tive a certeza que uma vida com metas é
diferente de metas de vida.
Metas podem ser complexas, pois são variadas e possuem aplicações ilimitadas. Estão presentes na criação de filhos, no trabalho, nas compras, no lazer e até na igreja. Causam impacto significativo nas vidas e círculos sociais, podendo ter efeitos positivos ou negativos, necessitam sempre de organização, tempo, escolha e execução.
Durante minha vida sempre tive a clareza da hierarquia e da disciplina, da importância do comprometimento e da honra, valores que carrego desde criança, com falhas, mas em constante aperfeiçoamento. Tive oportunidades que me trouxeram até onde estou e daqui me levarão para momentos novos. Porém, minha experiência de vida mais significativa ocorreu em 2019 durante o Curso de Oficiais da Reserva, foi lá que reconheci o valor de ter uma vida com metas e não metas de vida. Durante aquele ano tive que me adaptar a conviver em grupo, desenvolver capacidades que antes eram impossíveis, saber o momento de cobrar e saber ser cobrado. Passei por experiências muito gratificantes.
Meta era algo que eu idealizava para ter um status favorável, ou seja, era um fim. Mas, dentro da caserna, descobri que metas são, na realidade, um meio para alcançar um fim. Pode-se manipular uma ou mais metas para alcançar um objetivo, ou até mesmo para modificar a rotina sua e de seus companheiros. Uma das metas exigidas que era, à primeira vista insignificante, era o “Aluno Atualidades”, por meio da qual um aluno era escalado para transmitir notícias importantes. Assim, éramos rotineiramente interpelados sobre as perguntas mais básicas de cada notícia, como por exemplo: a fonte, qual consequência poderia acarretar, etc. Hoje vejo que aquela meta, embora simplista, proporcionou que muitos ali criassem senso crítico, necessário para lutar por direitos e deveres. Desse modo, uma meta, por mais prática que seja, pode impactar vidas e até mesmo modificar hábitos de um indivíduo. Essa reflexão sustenta a ideia da vida com metas.
O aprendizado mais marcante e que me foi recordado nas últimas semanas por um irmão meu foi
o seguinte: adote sempre o “Onde estou? Para onde vou? Com quem vou? Como vou? Quando vou?”
até porque sem eles a sua patrulha vai para a vala! Desta simples máxima entendo que para tudo na
vida se faz necessário os processos, os quais não começam pelos objetivos finais e sim por onde você
se encontra e com que meios você pode chegar em determinado objetivo. Tendemos a buscar pelo
“possível”, não queremos ter o incômodo de ir na vanguarda atrás de soluções novas, por isso
tendemos a estagnar na mediocridade, entrando em contradição com as ações necessárias para
alcançarmos as tão sonhadas metas de vida. Por outro lado, eu entendo agora que você deve fazer o
seu melhor, nas condições que você tem, enquanto você não tiver condições melhores, para fazer ainda
melhor possibilitando que os processos façam parte de determinada escolha para sua vida ou para a
solução de determinado problema, o convívio constante com os processos permite conhecermos outros
círculos sociais e conquistarmos outras metas até melhores que aquela antes imaginada como síntese
de nossas vidas.
Agora me diz, até que ponto sabemos se determinada meta é boa para a nossa vida? Como sabemos que fizemos uma escolha correta? Como escolhemos? São perguntas que abrem uma caixa de Pandora na minha mente, que me traz a reflexão que somos salvos pela Graça do Senhor, pois não podemos conhecer tudo nem todas as coisas, mas a cada dia podemos nos aperfeiçoar. As coisas que nos acontecem fazem parte de um plano maior no Reino de Deus, e creio que a única maneira de responder a estes questionamentos é por meio de Deus.
Então, jovens, levem com tranquilidade as metas de vida, pois estas são apenas um meio para se alcançar um fim. O processo para alcançar uma vida de metas, ao meu ver, é como buscar a felicidade, só tem fim quando ela acaba! Como cristão sei que essa caminhada acaba no Reino de Deus.
“Vocês não sabem que, de todos os que correm no estádio, apenas um ganha o prêmio? Corram de tal modo que alcancem o prêmio. Todos os que competem nos jogos se submetem a um treinamento rigoroso, para obter uma coroa que logo perece; mas nós o fazemos para ganhar uma coroa que dura para sempre. Sendo assim, não corro como quem corre sem alvo e não luto como quem esmurra o ar. Mas esmurro o meu corpo e faço dele meu escravo, para que, depois de ter pregado aos outros, eu mesmo não venha a ser reprovado.”
1 Coríntios 9:24-27
Alexandre Marques Leite
6 de agosto de 2021.