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O sofrimento pertence a Deus?

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Os séculos XX e XXI foram marcados por consequentes mudanças no campo cívico, oriundas de um uma filosofia hedonista contemporânea, onde somente as coisas capazes de gerar um certo nível de prazer pertencem ao divino, enquanto qualquer manifestação de sofrimento é vista como maligna. É notável e até compreensível, tendo em vista as concepções modernas relativas a Deus, a crescente frustração e o afastamento entre o mundo e Deus.

 

O sofrimento pertence a Deus, o mundo agonizou até a morte por 40 dias e 40 noites durante o dilúvio (Gênesis 8:12), Moisés demorou 40 anos para atravessar o deserto do Sinai com os israelitas, povo escravizado durante anos no Egito (Deuteronômio 8:2). E Jesus foi açoitado, carregou sua cruz sob um sol ardente, foi crucificado ao lado de criminosos, e ainda bradou em sofrimento clamando por um pouco de água: “Estou com sede!” (João 19:28)

 

A pandemia de Covid-19 se mostra como um período desafiador no que concerne ao tema sofrimento, muitos vieram a falecer em decorrência dela, e a quarentena parece nunca ter fim. Porém, o número 40 para os antigos, e consequentemente na bíblia, está ligado com a purificação, não por acaso o dilúvio durou por 40 dias e 40 noites, Moisés passou 40 anos no deserto, Jesus foi tentado por 40 dias e 40 noites após seu batismo, e os leprosos e enfermos deveriam passar 40 dias em casa para um processo então denominado “quarentena”, processo esse tão atual.

 

Todavia, após a purificação há de ocorrer a vitória, como para Noé foi a pomba com uma folha de oliveira pendurado pela boca; para Moisés a vista da terra prometida, e para Jesus, após sua crucificação, sua vitória foi marcada por seu brado, momentos antes de sua morte, como dito em João:

  “(…) Jesus disse ‘Está consumado’, com isso, curvou a cabeça e entregou o espírito” (João 19:30).

 

Durante os dias de nossa vida, até podemos nos distanciar de Deus, mas Deus se revela a nós, e nós inevitavelmente, retornamos a Deus, como Jesus também retornou, (Lucas 23:46). Portanto, é equivocado pensar que diante das adversidades, das enfermidades, diante do vale dos ossos secos, Deus se ausenta. Pois, na realidade, o Senhor está conosco em todas as situações, até mesmo nos momentos de maior aflição, como está escrito:

“Ele os deixou passar fome e depois lhes deu para comer o maná, uma comida que nem vocês nem os seus antepassados conheciam. Deus fez isso para que soubessem que o ser humano não vive só de pão, mas vive de tudo o que o SENHOR Deus diz” (Deuteronômio 8:3-6).

 

Deus não está oculto, mas se revela a nós através de sua criação, e todas estas coisas, tangíveis e intangíveis, provém dele. Todas as coisas estão em Deus, seja o gozo de felicidade ou as lágrimas de luto, todas as coisas fazem parte do plano de Deus, e toda a criação se nutre de Deus, como uma folha mantém sua seiva em seu interior, seiva que nutre e a mantém viva, pois, a árvore da vida fixa suas raízes no céu. Tudo exsuda Deus.

 

Iago Birnbaum

julho de 2021.

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