Por Jeferson ferreira.
Era um fim de tarde bucólico em algum lugar entre Lisboa e Paris. O trem parado no meio do “nada”. Na janela da cabine uma vista deslumbrante. Algumas casas típicas do sul da Europa e as ruas quase vazias. Ao fundo, as montanhas européias e o sol poente.
Parecia aqueles desenhos infantis – Montanha, solzinho, casinhas… – Não tinha a menor idéia de onde estava – E se eu pulasse deste trem agora e fosse viver nesta cidade?- O pensamento, quase insano, era fruto de desejos típicos da juventude. Um relance de que me lembro depois de quase 20 anos. Oh memória boa!
A mente humana nos oferece os mecanismos do esquecimento. Que benção! Eles servem de proteção para que a gente não carregue o peso das memórias ruins, ou até das boas que podem nos distrair por terem chegado no momento errado. São Cores, Cheiros, Músicas – Oh, Pablo desgramado, sofrência, faz a gente lembrar do coração partido, risos. De fato a informação mau colocada pode nos paralisar e distorcer a realidade presente.
Comparo minha mente a um disco rígido de computador com “Soluço”. Às vezes me pego lembrando fatos aleatórios. Penso serem aleatórios – já me sugeriram orar por aquilo que lembrei -. Por vezes isso me leva a algum lugar do passado, que não poderia considerar que tivesse qualquer importância. Como aquele que relatei no início de nossa conversa. Nossa memória é emocional, dizem os psicólogos.
“Então disse o Senhor a Moisés: Eis que vos farei chover pão dos céus, e o povo sairá, e colherá diariamente a porção para cada dia, para que eu o prove se anda em minha lei ou não.” Êxodo 16:4
No deserto, Deus alimentava seu povo com o melhor do Maná. Nada poderia ser guardar para o dia seguinte. O povo andava meio errante e Deus os abençoava repetidas vezes, mesmo assim o povo se esquecia. Na primeira dificuldade a frente, reclamava. É como se o passado não tivesse existido. Oh memória ruim!
“Todavia, lembro-me também do que pode dar-me esperança.” Lamentações 3:21
E nosso espírito tem memória?
A História cristã sempre foi cheia de símbolos, estimulada, também, pela História do velho testamento no qual Deus determinava que o povo os criasse – As tábuas da lei, O Templo de Salomão, A Páscoa e, por fim, A Ceia. Hoje em dia, especialmente os cristãos Católicos preservam isto – O rosto de Jesus, com feições loiras, olhos azuis e um olhar quase distante é para mim a imagem mais emblemática desta cultura (os historiadores concordam que as feições de Jesus coincidiam mais com o estereotipo comum de um mulçumano de hoje em dia: moreno, queimado pelo sol causticante e barba serrada).
Mas como controlar a memória para que a gente se lembre somente daquilo que vai nos fazer bem? Quanto mais velhos estamos, mais nosso disco rígido vai se enchendo de lembranças boas e, infelizmente, ruins também.
“… e onde, pela primeira vez, tinha construído um altar. Ali Abrão invocou o nome do Senhor. Gênesis 13:4
Enquanto ele andava pela terra, em todos os lugares onde a benção de Deus acontecia, ele construía um altar. Gosto disto: As imagens, os museus, o concreto e as pedras que são quase eternas e nos proporcionam a oportunidade de tentar não esquecer das coisas boas. Serve como um Alforje para utilizarmos o conteúdo quando o tempo seca. Ressuscitar a Fé quanto a alma estiver em terreno árido. Quero trazer comigo, a tira colo, além dela, também a Esperança. Além do Amor, claro!
Vamos lá! A minha idéia de símbolos não é literal, não aprendi a carregá-los comigo, na verdade, nem gosto deles. A Cruz, o maior símbolo cristão, nunca usei. Até porque, por algum motivo fisiológico, não consigo levar: relógio, boné, anéis… até as etiquetas das roupas eu as retiro. Dá uma aflição! Queria sim altares na mente e no coração. Lugares onde pudesse andar aleatoriamente, como na história que contei. Lá vão estar um monte de cacarecos, cheiros, cores, lugares e símbolos e, principalmente, gente: meus amigos, antigos e novos, todos misturados, perdidos no meu “HD Maluco”!
Então, nesses trilhos da vida, a gente se encontra aleatoriamente. Prometo desta vez saltar do trem para a gente tomar um vinho, fazer uma oração ou conversar tomando um café antes de seguir viagem.
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Falando em memória, adoro este Clip da Banda, O Teatro Mágico – O que se perde enquanto os olhos piscam. Preste atenção e me diga que se você nunca perdeu uma desta coisas. Risos.
O Teatro Mágico – O que se perde enquanto os olhos piscam: