EU SÓ ANDO COM “VENCEDORES”!
A nossa sociedade tem uma tendência de rotular algumas pessoas como “vencedoras” e outras como “perdedoras”. Além da evidente pequenez desta categorização, o problema fundamental disso é a sugestão de que a vida pode ser uma corrida individual e que, no final dela, é possível classificar todos os competidores do melhor ao pior.
A verdade mais confusa e complexa é a de que a vida realmente é composta por diversas corridas que se desdobram ao mesmo tempo em áreas diferentes e com diversos tipos de troféus e medalhas à vista. Há corridas por dinheiro, fama e prestígio. Mas também há outras corridas. Há aquela que revela quem consegue ficar mais calmo diante da frustração, uma para identificar quem pode ser mais gentil com crianças, outra que mede o quanto alguém é um amigo verdadeiramente leal. Também há corridas focadas no quanto uma pessoa presta atenção no céu estrelado ou o quanto consegue se deliciar com as frutas do outono.
Ninguém vence ou perde o tempo todo. Entendemos que não podemos ganhar sempre. Ao examinarmos as pessoas mais de perto, é possível ver que aqueles que aparentam levar todos os prêmios e são saudados em alguns lugares como atletas super-humanos da vida não podem realmente triunfar em tudo. Eles, provavelmente, farão uma bagunça tremenda em outras corridas das quais participam.
Se não dá para ser um vencedor em tudo, o lógico é que também não seja possível ser um perdedor em tudo. Nunca fracassamos estrondosamente na vida em si. Quando erramos em áreas comuns e nos sentimos rejeitados e isolados, o universo só está nos dando uma chance excepcional de começar a treinar, o que significa que um dia nos tornaremos atletas de sucesso em outras corridas. Por isso é útil é útil nos dedicarmos a ressignificar os termos sucesso e fracasso. Fracassar bem é uma das artes mais necessárias que precisamos aprender. Tão necessário quanto “vencer bem”.
E se olharmos os grandes heróis da fé narrados no Novo Testamento, veremos grandes protagonistas, abençoados por Deus, os quais, por fidelidade aos seus valores tornaram-se “perdedores” conforme o valores da sociedade. Assim foi com João, o Batista, que teve a cabeça servida numa bandeja por denunciar uma relação amorosa inadequada. O que dizer de Estevão, que por realizar milagres acabou provocando inveja e fofoca dentre os religiosos, e por ser alvo de difamação, acabou sendo apedrejado. E aqueles que perderam seus empregos para seguirem um andarilho curandeiro chamado Jesus? Não é aquilo que chamaríamos de Sucesso. Como é difícil contextualizar isto. Paulo de Tarso disse o seguinte aos cristões da cidade grega de Filipos: “Mas o que para mim era lucro, passei a considerar perda, por causa de Cristo. Mais do que isso, considero tudo como perda, comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus, por cuja causa perdi todas as coisas.”