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Como somos ignorantes…

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18 Certo homem importante lhe perguntou: “Bom Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” 19 “Por que você me chama bom? “, respondeu Jesus. “Não há ninguém que seja bom, a não ser somente Deus. 20 Você conhece os mandamentos: ‘Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, honra teu pai e tua mãe’”. 21 “A tudo isso tenho obedecido desde a adolescência”, disse ele. 22 Ao ouvir isso, disse-lhe Jesus: “Falta-lhe ainda uma coisa. Venda tudo o que você possui e dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro nos céus. Depois venha e siga-me”. 23 Ouvindo isso, ele ficou triste, porque era muito rico. 24 Vendo-o entristecido, Jesus disse: “Como é difícil aos ricos entrar no Reino de Deus! 25 De fato, é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no Reino de Deus”. 26 Os que ouviram isso perguntaram: “Então, quem pode ser salvo?” 27 Jesus respondeu: “O que é impossível para os homens é possível para Deus”. 28 Pedro lhe disse: “Nós deixamos tudo o que tínhamos para seguir-te!” 29 Respondeu Jesus: “Digo-lhes a verdade: Ninguém que tenha deixado casa, mulher, irmãos, pai ou filhos por causa do Reino de Deus 30 deixará de receber, na presente era, muitas vezes mais, e, na era futura, a vida eterna”.”

Essa normalmente é a passagem que o pastor aproveita pra pedir o dízimo (risos). Mas eu não vou pedir seu dinheiro, porque hoje eu vou falar de dízimo espiritual. E meu amigo, dizimo material é brincadeira de criança. O dízimo espiritual é que é difícil. E é o dízimo espiritual que realmente importa pro seu relacionamento com Deus.

 

Pensa comigo: Se a igreja onde você congrega acabasse hoje. Não importa se o aluguel subiu demais e a soma dos dízimos ali não consegue mais pagar esse valor, seja porque a diocese resolveu que ali não era viável e é melhor mudar pra outro bairro, seja porque o pessoal não gostou do pastor novo e a denominação não tinha nenhum outro pra substituir, seja porque o seu pastor foi alvo de uma ação policial e o prédio do templo, que estava no CNPJ dele, agora será leiloado pra pagar dívidas, seja pelo motivo que for. Por que o prédio da sua igreja fechou, vocês vão deixar de se reunir pra falar sobre Deus e as coisas do Reino? Você vai deixar de ir na casa dos seus irmãos pra orar? Você não vai mais dormir um dia com seu irmão no hospital, enquanto ele se recupera de uma cirurgia? Você não vai ajudar sua a viúva e o órgão do teu irmão, se ele for encontrar Jesus? Você vai deletar o WhatsApp dos irmãos e fingir que nunca os conheceu pra não ter perigo de ninguém te pedir um dinheiro emprestado? Eu tenho certeza que não, porque você sabe que a igreja não é um prédio, mas uma reunião de pessoas em nome de Deus. E mesmo se não tiver dinheiro pra pagar as contas de água e de luz e um prédio for fechado, a igreja vai continuar sempre que a gente se reunir. E se vocês não puderem custear um sacerdote, um ou mais irmãos vocacionados vão se prontificar a estudar as escrituras e ajudá-los em sua evangelização. E se a gente souber usar as tecnologias desse tempo pro bem, nós nunca mais deixaremos de saber notícias de fulano e ter oportunidade de ajudar ciclano quando se passar por uma necessidade. E isso é igreja!

”Cada um dê conforme determinou seu coração, não com pesar ou por obrigação, pois Deus ama quem dá com alegria.” – II Coríntios 9:7

 

Mas fechado o parêntese, eu tinha dito que não ia falar de dízimo material né?! E não vou.

 

O que nos impede de ir ao reino dos céus não é Deus. Ele é juiz, mas Ele não é o juiz que prende, Ele é o juiz que solta. Na verdade ele quer que você vença e não que você perca. Ele é o bom professor. O mau professor quer reprovar o aluno pra se vingar, pra aquele diabo da sua vida aprender que se ele não calar a boca e estudar, ele vai se dar mal, porque você vai reprovar ele! Deus é o professor bom, que se alegra quando aquele aluno-problema que te deu um trabalhão, consegue atingir o resultado, se torna uma pessoa virtuosa, então olha pra trás e reconhece que aquele desafio foi para o bem dele. Deus se alegra quando você compreende que você o obedece por amor e não por interesse. Porque você quer retribuir tudo o que Deus lhe deu e não porque você quer comprar algo que Deus ainda irá te dar. Ele não é o porteiro, ele é o pai amoroso da parábola do filho pródigo. Que te recebe de braços abertos, porque você completou a carreira, combateu o bom combate, compreendeu o caminho, aprendeu o que Ele tinha pra te ensinar, mesmo tendo errado a beça enquanto aprendia. Porque não é sobre a lei e os costumes, mas sobre amor, não é sobre o que você faz ou deixa de fazer, mas sobre quem você é, não é pelo resultado, mas pela motivação. A questão não é cumprir a lei, mas o porque você a cumpre. “Por medo do inferno?” Pēēēē… Resposta errada. “Pra ser abençoado!”. Errado novamente. “Pra que minha mãe se orgulhe de mim”. Acertô Miserávi… tô brincando, errou de novo. “Para agradecer a Deus por tudo o que Ele me dá”, “Porque eu amo até o meu inimigo”, ou “Porque eu sou capaz de quebrar a lei para ir ao socorro do meu irmão”. Essas últimas sim, talvez sejam respostas melhores aos olhos de Deus. E apenas se não forem palavras ao vento, mas um real reflexo do seu coração.

 

Quando o rico não seguiu Jesus, como fizeram Pedro e os demais, isso poderia tê-los envaidecido, já que eles sim tinham largado tudo para seguir Jesus. Contudo, quando compreendem que não era bem assim e perguntam a Jesus: “Então, quem pode ser salvo?”, Jesus responde: “O que é impossível para os homens é possível para Deus”. Dando talvez um banho de água fria naqueles que esperavam que ele dissesse “os pobres”, mas dando esperanças para todos nós, que somos como o jovem rico!

 

Todos nós temos algo que não queremos deixar pra traz dessa vida. É aí que está teu coração. Se você não está pronto para abrir mão daquele bolo de chocolate com cobertura de brigadeiro, que você corta e sai aquela explosão de calda de baunilha do Daniel Briand… ou daquele churrasco de primeira com os amigos, com uma cervejinha gelada e aquela música gostosa… ou aquele pôr-do-sol em família, tomando um espumante e curtindo uma piscina aquecida com a vista mais bonita do planeta Terra. Nós somos como o jovem rico!

 

Enquanto nós não abandonarmos as coisas do mundo do topo das nossas prioridades e lá colocarmos Deus, nosso coração estará longe de ser como o coração de Jesus e nós não estaremos completando a carreira, lutando a boa luta, e fundamentalmente sendo como Deus nos criou para que sejamos. Nós somos como o jovem rico!

 

E eu não tô aqui dizendo que você precisa parar de beber, ou de sair com os amigos, ou de se alegrar com sua família, ou de transar com seu cônjuge, ou mesmo parar de comer bolo de chocolate. Tampouco estou pedindo que abandone sua profissão e vire missionário nos confins do mundo. O que eu tô dizendo é que essas coisas não podem ser aonde está o seu coração. Porque se em alguma dessas coisas está seu coração, significa que você está pronto para sacrificar qualquer outra coisa por elas. Você está pronto pra sacrificar a sua vida ou de um ente querido por um bolo de chocolate? Espero que não. E do seu inimigo? Também espero que não. E pra virar missionário? Porque eu não tô dizendo pra você fazer isso, mas também não tô te segurando. Se isso estiver no teu coração, amém! Deus te abençoe!

 

O fato é que devemos estar prontos para nós sacrificar por Deus, por amor a Ele e ao nosso próximo, por isso sim você deveria estar disposto a sacrificar a sua vida. Estar disposto a morrer pelos seus filhos é fácil, é natural, qualquer animal que apresente cuidado parental faz isso: morre pela sua prole. Mas você é um ser espiritual em uma experiência carnal e não o oposto.

 

Nós temos que compreender que somos todos como o jovem rico: pecadores, lutando para colocar nosso coração em Deus e tirar nosso coração das coisas do mundo. Porque o “x” da questão é que o coração do jovem rico estava em seu dinheiro. Não basta ser rico pra estar condenado, nem ser pobre para estar salvo. Pois mesmo quem é pobre pode ser rico daquilo que ele coloca seu coração: pode ser um vício, um prazer, um pecado. Simão Pedro e os demais estavam no caminho de Jesus, abandonando as coisas do mundo para alcançar a santidade. Deixaram para trás suas profissões, seus poucos pertences, suas famílias: esposas, mães, filhas e filhos. Mas eles ainda eram tentados pelo mundo como vemos em todo o novo testamento e só com a ação do Espírito Santo, o impossível, que é colocar nosso coração no lugar certo e fazer o espírito triunfar sobre a nossa carne, pode verdadeiramente acontecer.

 

Inclusive é uma falta de lógica maluca que o destino inexorável, a morte, o fim desta vida, seja aquilo que nós mais tememos, enquanto humanidade. A gente passa a vida buscando a fonte da juventude, a pedra filosofal, o elixir da vida eterna, mas é inevitável que iremos morrer e deste mundo nada levaremos. Ainda assim, nos apegamos às coisas do mundo como se fossem o último colete salva-vidas. Nós somos chamados a abrir mão de tudo deste mundo em troca do céu, do paraíso, da presença infinita de Deus. Ou seja, pra abrir mão de nada e ganhar tudo. E a gente ainda acha que tá ruim esse negócio. Que tá injusto! Como somos ignorantes…

 

Stevan Maia-Corrêa

Setembro/2021

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