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COMO COMPARTILHAR MINHA FÉ?

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Por Jeferson Ferreira

Qual cristão nunca se deparou com a sensação desafiadora de que  – no meio de alguma conversa  – deveria ter compartilhado sua fé?

 

Venho de família cristã-evangélica e passei minha vida assistindo meu querido pai (que já se foi) evangelizando. Ele tinha sua própria maneira visceral de fazer isso. Por vezes o via abordando pessoas em situações as mais diversas para compartilhar sua fé. Soube notícia dos amigos mais antigos dele, que ele já havia gerado desconfortos em seus locais de trabalho quando era jovem, e chegou ao ponto de perder o emprego por conta de seu perfil evangelizador raiz.

 

Toda e qualquer situação poderia ser usada para compartilhar sua fé. Muitas vezes quando mais velho, e já aposentado, ele ia para um shopping ou sentava em um parque infantil simplesmente para utilizar a oportunidade onde as pessoas estavam mais relaxadas e abordava alguém que se sentasse desavisadamente ao seu lado para então afirmar, muitas vezes de maneira direta: “Se você não aceitar a Jesus você vai para o inferno!”.

 

Certo dia estávamos juntos em uma sauna quando ele falou bem alto: “O inferno deve ser quente deste jeito e quem não tem Jesus vai é para lá”. Ele tentava puxar conversa com alguém no ambiente para cumprir sua missão, mas acabou é afugentando todo mundo (risos).

 

Cabe ressaltar que quando ele utilizava a palavra inferno não carregava um tom de ameaça, raiva ou ódio como pode parecer hoje em dia, e sim no sentido literal do que a fé cristã acredita quando se refere a vida após a morte, ao colocar a decisão pessoal de cada um em aceitar o sacrifício de Jesus em vida como fator determinante para o destino eterno de sua alma:

“PORQUE DEUS TANTO AMOU O MUNDO QUE DEU O SEU ÚNICO FILHO, PARA QUE TODO O QUE NELE CRER NÃO MORRA, MAS TENHA A VIDA ETERNA.”  João 3. 16

 

A propósito do grande comissionamento dado por Jesus em sua ascensão aos céus, cristãos dos vários séculos tem utilizado variadas formas de compartilhar sua fé, por vezes até utilizando a violência para isso, como descreve a história na época da inquisição por exemplo.

 

Era muito comum em minha infância ver o evangelho ser pregado em praças públicas utilizando um megafone, inclusive foi assim que meu pai teve seu primeiro contato com o evangelho e aceitou a Jesus como seu salvador.

 

Outros modelos se popularizaram e se consolidaram no decorrer do tempo, e até hoje alguns ainda tem sido usado: livros e panfletos distribuídos, Bíblias nos quartos de hotel, grandes cruzadas evangelísticas realizadas por grandes pregadores internacionais (lindo ver a foto de Billy Graham pregando em um maracanã lotado com 225 mil pessoas silenciosamente ouvindo a pregação de um evangelho simples e direto), frases e placas com a simples frase “Jesus te ama” sendo instaladas nas árvores na extensão das rodovias.

“PORTANTO, VÃO E FAÇAM DISCÍPULOS DE TODAS AS NAÇÕES, BATIZANDO-OS EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO, ENSINANDO-OS A OBEDECER A TUDO O QUE EU ORDENEI A VOCÊS. E EU ESTAREI SEMPRE COM VOCÊS, ATÉ O FIM DOS TEMPOS.”  Mateus 28. 19

 

E agora, como nós, cristãos, temos compartilhado nossa fé, a ordem do Mestre não mudou, o que realmente deve ser mudado?

 

A pouco tempo fui apresentado, por meus filhos, a um novo tipo de música cristã. Algo chamado Hip-hop/Rap ou outra coisa que não consigo distinguir, com letras consistentes com o evangelho. Confesso que não consegui ser alcançado pelo conteúdo devido ao meu pré-conceito com a forma, mas o evangelho estava lá, ignorando meu pré-conceito, sendo narrado dentro de um contexto próprio da realidade das periferias e sendo ouvido por jovens cristãos de todas as classes sociais.

 

Por outro lado, ouço as músicas cristãs elaboradas que utilizam o Jazz, Blues, Pop Rock, Sertanejo se misturando com uma narrativa romântica/comportamental/psicológica, onde o evangelho vem com tamanha sutileza comportamental e com uma tentativa de misturar tudo de modo a agradar. Esta música desafia o ouvinte a encontrar o evangelho na poesia colocando quem ouve totalmente responsável por sua interpretação, se utilizando da realidade própria dos jovens de classe média-alta.

 

Tenho sentido em nossa realidade social, inclusive a cristã, paradoxalmente, uma abordagem crescente de respeito a opinião alheia, alienação quanto ao próximo e um surto de sofrimento devido a solidão. Como cristãos temos que ter por claro que temos a solução para os dramas presentes e para o destino de nossa alma. Pela Graça temos sim tudo isso já solucionado em Jesus:

“POIS VOCÊS SÃO SALVOS PELA GRAÇA, POR MEIO DA FÉ, E ISTO NÃO VEM DE VOCÊS, É DOM DE DEUS; NÃO POR OBRAS, PARA QUE NINGUÉM SE GLORIE.” Efésios 2. 8

 

Termino esta reflexão sem respostas! Gostaria na verdade seguir com as perguntas: Como comunicar minha fé neste tempo de inteligência artificial que responde a tudo, e de conflitos relacionais que travam, limitam e formatam a maneira em que devemos dar nossa “opinião” como cristãos?

 

Vamos fazer um Blog? Vamos colocar em nossos carros a frase “Propriedade exclusiva de Jesus”? Vamos abrir um partido político e expressar para deixar claro nossas convicções? Vamos ficar mais quietos o possível, assim depois que todos falarem eles nos ouvirão? Vamos nos misturar na arte, na música nas empresas e o mais discretamente possível introduzir nossas ideias? Afinal, o evangelho é uma opinião sobre a vida, ou é a própria vida em si?

 

De fato, e as vezes, acho que deveríamos voltar aos métodos dos antigos cristãos como meu pai e passarmos a gritar em alto e bom som que “Só Jesus Cristo Salva!” mesmo correndo o risco de ser “apedrejado”. Ups! Não, agora se diz “cancelado”.

 

Na verdade, a única coisa que tenho certeza é que eu deveria clamar por Sua visita:

MAS RECEBERÃO PODER QUANDO O ESPÍRITO SANTO DESCER SOBRE VOCÊS, E SERÃO MINHAS TESTEMUNHAS EM JERUSALÉM, EM TODA A JUDEIA E SAMARIA, E ATÉ OS CONFINS DA TERRA”. Atos 1.8

 

Jeferson Ferreira.

Aniversário de 63 anos de Brasília

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