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O drama da intervenção redentiva de Deus como manifestação da promessa.

Por Adriana Meira Lima Alves

Meu primeiro contato com as histórias bíblicas do Antigo Testamento foi numa classe de escola bíblica dominical. Minha mãe era professora do ministério infantil, então eu sempre a observei preparando a aula, confeccionando cartazes, separando os materiais manuais. Cada domingo esperava com grande expectativa o momento em que conheceria mais um personagem desse livro preto com bordas
douradas.

Será que essas histórias bíblicas tão fascinantes têm relevância para minha vida adulta? Ou seriam apenas informações sobre contextos históricos passados, sobre os costumes judaicos?

Cada relato histórico da Bíblia apresenta Deus ao homem. Um Deus que quer se relacionar com a sua criação. Um Deus que nos convida a conhecê-lo e a caminhar com Ele. Pontua Geerhardus Vos que “Somente à medida que tal ser escolhe se expor é que podemos conhecê-lo. Toda vida espiritual é, por natureza, uma vida escondida, uma vida fechada em si mesma. Tal vida só nos pode ser conhecida por meio de revelação”

A beleza e a profundidade da revelação divina moldam nossa maneira de viver e aquecem o nosso coração. Por isso, é fundamental que todo cristã compreenda o processo da autorrevelação de Deus, que se desdobra de uma maneira orgânica nos acontecimentos narrados nas Escrituras. O estabelecimento das alianças fornece coesão à narrativa bíblica. Deus atua em direção ao homem com vistas a redimi-lo, enunciando uma promessa. A forma divina de agir é por meio de um pacto de amor de maneira unilateral, ou seja, que independe da vontade humana. É a ação objetiva de Deus em favor da humanidade para restaurar um relacionamento conosco e que se preserva ainda que o homem venha a se desviar da aliança firmada.

Geerhardus Vos comenta sobre a proposta da teoria aliancista progressiva em que “o processo de revelação não é somente concomitante com a História, mas se torna encarnado na História”.

Segundo o princípio da progressividade da revelação, o plano de Deus se desenvolve do Antigo para o Novo Testamentos. A cada período na história do seu povo, Deus acrescenta novos elementos que
complementam as revelações anteriores. O plano da redenção é único e é reafirmado em estágios nas alianças feitas entre Deus e os homens, tendo o seu cumprimento em Cristo.

Deus inspirou homens com palavras investidas de autoridade numa sequência coerente de revelação que sempre apontava para Jesus. Assim, Deus se revelou progressivamente em cada uma das alianças firmadas com Adão, Noé, Abraão, Isaque, Jacó, Moisés. Depois do período mosaico, os profetas passaram a transmitir a mensagem divina. George E. Ladd3 destaca que a mente profética, de modo geral,

“se posicionava no presente e via o futuro como uma grande tela de obra redentora de Deus em termos de altura e largura, mas sem a clara dimensão da profundidade”.

Assim, a Bíblia apresenta uma única história: da intervenção redentiva de Deus com a humanidade.

“Tudo o que é essencial para que o ser humano conheça a Deus e seja levado de volta à sua presença por meio da aliança redentiva está escrito de forma clara, limpa e transparente”

O drama inicia com a Criação. Nesse momento, Deus traz ordem e direção ao cosmos e a sua atividade criativa é bela, multiforme, graciosa! É a revelação geral de Deus presente na natureza. “Os céus declaram a glória de Deus, o firmamento proclama a obra das suas mãos.” (Salmo 19:1, NVI). Deus também criou o homem e o colocou no jardim para o cultivar e o guardar. O homem recebeu
de Deus o domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra (Gênesis 1:26, NVI). Portanto, o homem passou a agir como co-regente da criação.

Em seguida, o homem decide desobedecer a palavra de Deus. O pacto pessoal firmado foi quebrado. Toda a criação sofreu imediatamente com os efeitos corrosivos da queda5 e surgiu o sentimento de culpa. O pecado entra em cena e atinge toda a raça humana quanto à sua posteridade.

Todo indivíduo já nasce com a raiz do pecado e o desejo de autocontrole da sua vida. Em resposta, surge a promessa divina revelada na maldição da serpente, a qual norteará toda a narrativa bíblica:

“Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela. Este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gênesis 3:15, NVI).

Como bem ressalta Wolters, após a queda, “Deus não permite que a desobediência do homem transforme a sua criação num caos absoluto. Em vez disso, ele mantém sua criação em face de todas as forças de destruição.” Deus renova alianças com diversos personagens bíblicos, para que se cumpra o seu plano de redenção. Diante das fraquezas e pecados do seu povo, a graça de Deus se revela por meio dos atos redentivos.

A pluralidade de narrativas que encontramos na Bíblia não é apenas informativa mas também é transformadora. Nós ocupamos um lugar nessa história que se encerrará com a volta de Cristo. É uma história única e coerente, em que Deus fala ao seu povo de maneira pessoal e o seu povo responde de maneira adequada ou inadequada.

Desse modo, estudar a Teologia Bíblica do Antigo Testamento nos capacitará a compreender as palavras pessoais de Deus a nós. Paulo Won muito bem sintetiza como devemos ler as Escrituras: “O que acontece no meio até o final é o drama das Escrituras, o enredo que tem o Deus Trino como seu ator principal e a humanidade como coadjuvante. A forma pela qual nós devemos ler esse grande enredo
salvífico e divino é localizando-nos dentro desse drama que começa com o ato da criação, desenvolve-se por meio da Queda, do evento-Cristo e, por fim, da redenção final.”

As histórias bíblicas, portanto, são extremamente relevantes e iluminam o entendimento de todo cristão que se dedica a conhecer a revelação especial de Deus contida na sua Palavra. Somos salvos pelo cumprimento da promessa aplicada em nós! Uma promessa que se repete e que ainda permanece, apesar da nossa natureza pecaminosa.

Dedicar-me ao estudo dos acontecimentos narrados no Antigo Testamento, com o mesmo deslumbramento de quando era criança, redirecionará o meu coração para um relacionamento íntimo com Deus. Ao compreender o cumprimento da promessa de Deus em Cristo, entendo o meu papel nessa linda história, enquanto espero a sua volta, pautando as ações de minha vida na fé inabalável que Seu Reino de justiça e beleza será implantado integralmente.

 

Adriana Meira Lima Alves

Outono de 2022.

 

 

Referências bibliográficas:

BIBO, Rodrigo; MILHORANZA, Alexandre; FONTANA, Victor; WON, Paulo. A
formação do cânon do antigo testamento. Btcast 335. Bibotalk. Brasil, 2013. 1
vídeo (56:58). Disponível em:https://youtu.be/GRJqdZp9uZg.

BRAVO, Danielly F. O maravilhoso convite de conhecer a Deus. Revista Cultivar e
Guardar. v. 2, p. 27-31, 2021.

FRAME, John M. A doutrina da palavra de Deus. Tradução: Meire Portes Santos
e Márcio Santana Sobrinho. São Paulo: Cultura Cristã, 2013. 384 p.

GENTRY, Peter J.; WELLUM, Stephen J. O reino de Deus através das alianças
de Deus: Uma teologia bíblica concisa. Tradução: Susana Klassen. São Paulo:
Vida Nova, 2021. 320 p.

GONÇALVES, Douglas; BAZZO, Ângelo. A chave para entender a bíblia.
JesusCopy. São Paulo, 2012. 1 vídeo (39:15). Disponível em:
https://youtu.be/ktO4jXxk4zc.

JÚNIOR, Paulo Borges. A pedagogia de Cultivar e Guardar. Revista Cultivar e
Guardar. v.1, p. 19-23, 2020.

LADD, George E. A presença do futuro: a escatologia do realismo bíblico.
Tradução: Renata Martins de Rezende dos Santos. São Paulo: Shedd Publicações,
2021. 352 p.

LOURENÇO, Adauto José Boiança. Gênesis 1 e 2: a mão de Deus na criação. 1ª
ed. São José dos Campos: Editora Fiel, 2011. 218 p.
PROMESSA. In: Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

QUEDA do homem. In: Dicionário Bíblico Wycliffe. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.

REGGIANI, Cecília J. D. O Deus da história. Revista Cultivar e Guardar. v.2, p.
15-19, 2021.

REVELAÇÃO geral e especial. In: Enciclopédia de Apologética: respostas aos
críticos da fé cristã. GEISLER, Norman L. Tradução: Lailah de Noronha. São Paulo:
Editora Vida, 2002.

VOS, Geerhardus. Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos. Tradução: Alberto
Almeida de Paula. 2ª ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2019. 496 p.

WARD, Timothy. Teologia da revelação: as escrituras como palavras de vida.
Tradução: A. G. Mendes. São Paulo: Vida Nova, 2017. 224 p.

WOLTERS, Albert M. A criação restaurada: a base bíblica da cosmovisão
reformada. 2ª ed. Tradução: Denise Meister. São Paulo: cultura cristã, 2019. 112 p.

WON, Paulo. E Deus falou na língua dos homens: uma introdução à Bíblia. 1ª ed.
Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2020. 385 p.

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O PAGANISMO DA AMIZADE CRISTÃ

O sábio Salomão escreveu, em Provérbios 17:17, que “um amigo é sempre leal, mas o verdadeiro irmão nasce na hora da dificuldade”. Ou seja, quando se constrói laços verdadeiros — como em uma amizade cristã — é possível encontrar apoio nos momentos mais difíceis da vida. Porém, no meio cristão, em geral, existe a forma de amizade mais pagã possível. E que forma de amizade é esta? É a daquele que ama moralmente.

Amar moralmente significa amar enquanto a pessoa se comporta como a gente. Se ela for diferente ou se tornar diferente, ou mesmo tiver um comportamento diferente, mesmo que tal coisa seja apenas na área particular e privada ou envolva apenas uma decisão de foro intimo, nesse dia, tal pessoa perderá todos os seus “amados”, pois era amada apenas moralmente.

Para esses, o irmão é o igual, e o próximo é apenas aquele que lhe é semelhante.

Ora, Jesus mandou amar até o inimigo, quanto mais o diferente!

Além disso, Ele disse que amar os que nos amam e tratar bem os que nos tratam bem é apenas um comportamento pagão, posto que é assim que qualquer pagão, minimamente, trata um ao outro.

Jesus disse que deveríamos buscar amar e ser amigos do jeito do Pai Celeste, que é bom para com maus e bons, e derrama Graça sobre todos.

Acontece que entre os cristãos, em geral, não se alcança nem mesmo o nível pagão. A sociedade pagã é capaz de aceitar e defender o diferente, mas a igreja não é.

Desse modo, enquanto este “pequeno detalhe” for assim, os cristãos não terão o respeito da humanidade, posto que até os bárbaros os superam no trato de uns para com os outros.

O cristão, como é, não passa de ser o bebê da humanidade.

No dia que o cristão amar a todos os homens e for misericordioso para com todos os homens, e não se separar de outros cristãos apenas porque eles se expressam de modo diferente – nesse dia a sociedade que nos cerca verá a nossa luz, e glorificará o nosso Pai Celestial.

Mas jamais antes desse dia… E, nisto, posso dizer que profetizo sobre a certeza das certezas, pois é conforme a Palavra de Jesus.

Uma amizade verdadeira está vinculada a princípios que valorizam virtudes defendidas pelo cristianismo. E isso independe de religião, pois são valores atrelados ao caráter, ao respeito ao semelhante e, principalmente, à comunhão com Deus.

Em outras palavras, ter um amigo de fé é um modo de construir bons relacionamentos e de seguir, gradativamente, os passos da escalada cristã. Além do mais, manter amizades assim estimula a vontade de procurar fazer sempre o bem para o próximo. Do ponto de vista bíblico, cultivar boas amizades é essencial para desenvolver o lado espiritual.

a amizade cristã está relacionada a virtudes que zelam pela paz, solidariedade, companheirismo, amor, paciência e a outros atributos importantes para a vida espiritual. Por isso, procure fortalecer os laços com um amigo de fé que o ajude a ser mais cristão a cada dia.

 

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QUAL O LIMITE DO PECADO?

“Meu filho, guarde consigo a sensatez e o equilíbrio, nunca os perca de vista.” (Provérbios 3:21)

 

Você já deve ter ouvido falar que, na vida, é importante o equilíbrio (Lucas 7:33, Mateus 11:18,19, 2 Timóteo 1:7). Sabedoria milenar, é algo que permeia grande parte do pensamento religioso humano: cristão, espírita, judeu, muçulmano, hindu, taoísta, xintoísta, budista, panteísta, rastafari, voodoo… algum movimento dentre as maiores religiões ou filosofias de vida, em suas cosmovisões, ditam que a escassez é ruim, mas o excesso também.

 

Assim, não ter dinheiro é ruim, logo ter dinheiro é bom, contudo, ter dinheiro demais… aí já ficou ruim de novo. O que nos leva a perguntar: mas o quanto é “demais”? Qual a forma de reconhecer esse limite? Como saber qual é o ponto de equilíbrio?

 

Exceto para aqueles que fizeram voto de pobreza, todos buscamos ser prósperos financeiramente. Quem é comerciante quer vender muito, quem é advogado quer ganhar grandes causas, quem é escritor quer escrever um best-seller, mas parece que está no inconsciente coletivo daqueles que seguem qualquer código de ética religioso, que existe um limite que imaginamos que não deve ser ultrapassado. Esse limite não é um número absoluto, mas um valor individual, que se ultrapassar, o que poderia ser uma benção pode se tornar a própria maldição. E mesmo que para alguém sob um voto de pobreza esse exemplo não caiba, com certeza, se sustenta em outros aspectos de sua vida.

 

Mas então, qual é esse limite?

 

Durante o sermão da montanha, Jesus ressignifica a lei mosaica sob novo paradigma de elevada complexidade, a ética do amor de Deus (Mateus 5). Estabelecendo assim, o que nós, discípulos de Cristo, podemos considerar como nossa régua: para nós o limite deve ser aquele instituído por Jesus: o amor. O amor a Deus e ao próximo. Se ultrapassarmos esse limite, a riqueza passa a ser avareza, refeição vira gula, justiça vira vingança, a igualdade se torna inveja, o descanso vira preguiça, autoestima vira vaidade, sexo se transforma em luxúria (Romanos 13:13).

 

E para que, por exemplo, o sexo não se torne luxúria, basta buscar a castidade. E, meus irmãos, diferente do que pode achar o senso comum, castidade não é sinônimo de abstinência sexual. Castidade só significa privar-se de sexo no tocante a relações antes do casamento (e aí a castidade é tida como sinônimo de virgindade) e também quanto a relações extraconjugais, ou seja, o sexo não é um pecado em si, ele se torna pecado a partir do momento que ultrapassa os limites (Mateus 5:27,28, I Coríntios 7:9, I Tessalonicenses 4:7). A castidade é o que te aparta da luxúria, pois quando o sexo se torna luxúria, torna-se pecado. E, para o cristão, o limite da castidade, assim como os demais limites, é o amor.

 

E dizer que o limite entre castidade e luxúria é o amor, não significa que a esposa não pode vestir lingerie provocante para o seu marido, ou que só pode transar se for na posição “papai-mamãe”, ou ainda que sexo deve ser praticado apenas com objetivo de reprodução. Não é nada disso. Praticar sexo com amor significa abrir-se a uma intimidade verdadeira: sem medos, mentiras ou vergonhas. Significa desnudar-se não só das roupas, mas mostrar-se verdadeiramente àquele(a) com quem te tornas uma só carne. Significa ter fidelidade, cumplicidade e confiança. Significa conversar, compreender e respeitar.

 

Significa tocar com carinho, olhar nos olhos, entrelaçar os dedos. Significa querer dar prazer ao outro e não a si próprio – e mais que isso, significa regozijar-se no prazer do outro, tendo nisto o seu próprio prazer. Significa entender que o corpo da mulher muda após o parto. Significa entender que a testosterona diminui após os quarenta. Significa envelhecer juntos e se apaixonar pela mesma pessoa a cada nova primavera que passam juntos.

 

“Seja bendita a sua fonte! Alegre-se com a esposa da sua juventude. Gazela amorosa, corça graciosa; que os seios de sua esposa sempre o fartem de prazer, e sempre o embriaguem os carinhos dela.” – Provérbios 5:18-19

 

Jesus nos chama a ser perfeitos como o Pai (Mateus 5:48). A sermos generosos, temperados, pacientes, caridosos, diligentes, humildes e castos. Ele nos convida a amarmos uns aos outros como Ele nos amou! (João 13:34). E se, pelo mover do Espírito Santo em nossas vidas, nós o fizermos, o nosso pecado se tornará cada vez menos frequente, cada vez menos danoso, cada vez menor, e menor, e menor… e nós estaremos cada vez mais distantes do mal, viveremos uma existência terrena mais feliz e estaremos mais próximos de renunciar a este mundo e aceitar as bençãos de Deus para as nossas vidas (João 3:16, João 8:11, Romanos 6:22,23, Efésios 2:8,9).

 

Stevan Maia de Camargo Corrêa

 

“Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.” (Hebreus 11:6)

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É POR MEDO OU POR GANÂNCIA?

O ser humano é movido por suas emoções e por seus valores, sendo bem fácil destacar um exemplar preciso de cada. Um valor que tem mobilizado a humanidade desde o Éden é a ganância, e um sentimento que provoca a tomada de decisões categóricas desde nossos ancestrais é o medo. Tenho observado no ambiente da bolsa de valores que muitos investidores compram ou vendem ações precipitadamente ou baseados no medo de perder dinheiro ou ancorados na ganância, a esperança do lucro fácil. Claro que existem as pessoas que não estão obcecadas pela ganância e nem dominadas pelo medo, apesar de possuírem tanto este valor quanto aquele sentimento, mesmo que controlados. Investidores equilibrados (que controlam medo e ganância) são os de maior resistência e que alcançarão melhores lucros no longo prazo.

Todavia, não apenas no mundo dos investimentos observamos o medo e a ganância insuflando as decisões humanas. O medo e a ganância são também armas poderosas no meio religioso. Existe um grande grupo de religiosos que participam das missas muito mais por medo da danação no inferno do que por amor ao deus que dizem servir. De boca dizem amar o divino, porém são aplicados às cerimônias religiosas movidos sobretudo pelo medo do deus ser mal, e os castigar com danação eterna. Há ainda outros que, movidos por ganância, participam dos “cultos de prosperidade”, devolvem um dízimo, fazem jejuns e sacrifícios, tudo na esperança de moverem o sagrado em direção às necessidades materiais deles. Supõem estes que a bênção está à venda, que poderão “comprar” dos céus uma previdência privada, no lugar de uma providência eterna.

Vivemos um período pandêmico em que a enfermidade rondou as vidas e o medo esteve assíduo em muitos lares. Alguns até conspiram que uma quarta dose seria fruto da ganância dos laboratórios… Contudo, uma vez exorcizado o medo da Covid-19, um novo fantasma assombra a economia global, e este atende pela alcunha de Putin-22. Alguns até argumentam que a anexação da Ucrânia é fruto da ganância Russa. Entre fatos velados e verdades construídas, a humanidade segue refém do medo e da ganância.

Onde devo investir em 2022? Se for investimento financeiro, o melhor é buscar os conselhos de um bom e imparcial assessor de investimento. Porém se estamos falando de investimento de energia vital, posso ser útil para dizer onde NÃO INVESTIR: não invista no medo da vida! A vida é maravilhosa quando não se tem medo dela. O espírito que Deus nos deu não é de covardia, mas de poder, de amor e de equilíbrio. Aliás, um bom lugar para investir-se é no amor, pois no amor não existe medo… Nem ganância!

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TODO MUNDO QUER COLO…

Veja neste vídeo o que um pai amoroso é capaz de fazer por um filho com sérias limitações.

A psique é mundo de mistérios. Os profissionais dedicados a compreender a alma humana reconhecem que mesmo com os avanços da psicologia, muito ainda há que se caminhar neste terreno. O fato é que na alma, todos os nossos sentimentos ali sediados vivem em constante movimento: conflitos, harmonias, medos, seguranças, esperanças, paixões… Apesar de o homem não ter desvendado os mistérios da alma, sabemos que Deus, quem a criou, tudo sabe.

Por muito tempo fui um cara pouco dado aos relacionamentos afetivos. Talvez como fruto de uma infância e adolescência com pais pouca presença e poucos presentes. O fato é que cresci sem saber dar ou receber carinho e afeto e, como fui um garoto que tive que me virar sozinho por muito tempo, acabei tornando-me um ser bastante egoísta, pois entendia que seu eu não olhasse por minhas necessidades, talvez ninguém o fizesse. Graças à Deus que quis mudar, e mudei.

Um temor que eu tinha era ter filhos, pois supunha que eu seria o pior do pais, crendo que jamais conseguiria dar aos meus filhos carinho e afeto. Aquela história de que “pai tira da boca para dar ao filho” soava muito estranho para mim e eu não acreditava que eu seria capaz de fazer isto, uma vez que em primeiro lugar vinham as “minhas” necessidades.

Descobri que realmente “somos como os animais” (como já disse Salomão – nosso velho conhecido), pois quando minha filha nasceu, tudo isto se dissipou e tornei-me justamente o contrário: um pai super-protetor, super-presente ou “super-mãe” – segundo o paradigma. Fui abençoado, creio, pois meu temor não se confirmou, mas minha alma reagiu à paternidade no extremo oposto ao meu temor. A natureza humana tem dentro de si uma semente de paternidade ou maternidade latente. Se inicialmente muito preocupado com aquele bebê, com o tempo veio a alegria do equilíbrio.

Deus é pai!

O bom pai ajuda, socorre, sustenta, levanta, mas também ensina, corrige e até repreende quando necessário, não sendo pai ausente, mas importando-se com nosso futuro.

 

A Bíblia ensina que, em Cristo, todas as pessoas mudam de status quo ante o criador: de criaturas somos transformados em filhos, e como filhos de Deus, somos irmãos de Jesus e, por direito, herdeiros com ele… Herdeiros do Reino de Deus!? Os que estão em Cristo, morarão na casa do Pai. Que conforto saber que este mundo e nossa vida terrena passam, mas que há uma promessa de vida eterna e tranquila, sem choro nem vela, juntinho de Deus. Mas o “bicho-pega” porque esta promessa não é para todos, pois “quem não aceita Jesus, já está condenado”.

Querendo fugir da condenação, muitos não aceitam esta parte do Evangelho, mas rejeitam estas palavras de Jesus e criam infinitas e bizarras filosofias para tentarem explicar as várias maneiras de existência ou inexistência da vida eterna. Há os que “aceitam o amor de Deus” paradoxalmente por medo de Deus.

Eu quero o teu colo, Senhor!

Livres da psique humana, da miséria física e da angústia social, lá, nos encontraremos num mundo que não é este mundo, que não funciona na lógica deste mundo, onde mérito não existe e a Graça é tudo. Mundo onde Deus é pai presente, pai que nos dá colo, abraço apertado, carinho… Como já foi dito pelo profeta, “um lugar onde não haverá nem choro nem ranger de dentes”.

 

O bom é que deste “colo do Pai” a gente já pode desfrutar desde já. Não foram poucas as vezes em que eu clamei ao Pai pela sua ajuda, socorro, misericórdia e pude sentir suas mãos espirituais me sustentando, me dando forças para viver, firmando meus passos para que eu pudesse continuar caminhando, me ensinando pacientemente, para que eu não mais erre tanto!

Este amor constrangedor igualmente nos constrange a amar as pessoas que nos rodeiam, tirando-nos do egoísmo e individualismo.

Esta é a minha esperança e por ela vivo.

Pensando nisto, saiba que nosso “Pai Celeste” também nos carrega em nossas limitações diárias.

 

Há que diga que o que Vladimir Putin quer, na verdade, é colo…
Luciano Maia
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VOCÊ FOI DESPEJADO…

Party Is Over

Chama-me a atenção o fato de Deus tirar Abraão de sua terra para envia-lo a um lugar longe e distante… Como consequência ele se tornaria um despatriado patriarca de um novo povo. Abraão teve de deixar seu conforto sócio-existencial, correr perigos, caminhar sem rumo e ter dúvidas e medo para tornar- se um ícone da religião judaica, a qual não fundou, mas foi fundada com base em sua jornada. Seu filho, Isaque, teve destino semelhante ao tornar-se também um errante. E o mesmo com seu neto, Jacó.

Em sua velhice, Jacó já não mais era um errante. Confortavelmente sedentário com seus doze filhos, ele nada mais planejava, senão, morrer, vendo sua descendência prosperar em netos e bisnetos… Mas uma terrível  seca, vinda da parte de Deus faz que ele e toda sua família novamente fossem desalojados, deixando sua “terra prometida” e migrando para o Egito, onde o Senhor estava abençoando os adoradores do deus Ráh!

Neste tempo, seu filho desaparecido, José, já era o governador daquelas terras, pois foi o primeiro da família a ser desalojado: foi expulso da presença da família do pai, por obra do Deus que planejou sua escravidão.

Mais de um século depois, os descendentes de todos estes que estiveram no Egito, já numerosos, novamente foram desalojados, retornando para onde José passou sua infância com o pai Jacó. Meu Deus… Quanta mudança forçada!

Outro conhecido nosso, Jonas, foi desalojado e enviado para Nínive. Como não queria ir, virou comida de peixe, que, por fim, também o desalojou.

Jesus saiu de casa aos trinta e virou um andarilho! De sua casa ele não poderia promover a revolução cultural a qual deu início.

Seus seguidores também caminharam sem economia. Paulo, por exemplo, foi parar em Roma… Imagine… Foi bater noutro continente! Foram meses (ao menos seis) numa viagem desconfortável e perigosa.

Deus é um especialista em desalojar! Seu Espirito está sempre mudando o ser-humano. Arrancando-o do seu lócus. Se não físico, ao menos do lócus existencial. Sim, o Espirito de Deus nos tira do conforto existencial… Nem sempre experimentamos um desalojar físico, mas para os que são movidos pelo Espirito, sempre haverá um desalojar existencial.

Por vezes nos acomodamos em nossas existências. Mas basta um vento (Huáh) para arrancar nossas raízes da terra velha, nos incomodar, nos mudar daqui pra lá, das certezas, para incertezas, do certo, para o duvidoso. Sempre uma novidade! Mais que nós, Deus gosta mesmo é de novidade: Nova aliança! Vinho novo! Novo mandamento! Novidade de vida! Quando nos acomodamos, Ele traz o novo caminho, que para trilhá-lo, só mesmo desalojado.

Quando nos acomodamos em nosso erro, Ele balança nossa árvore existencial, derruba as frutas podres e, se necessário, poda-nos! Toda mudança gera crise, e nesse desalojar do velho e do inútil, inevitavelmente vem a crise da mudança. Os benefícios da mudança nem sempre são imediatamente observados e absorvidos, mas apenas tempos depois. O desalojar de Abraão não fez qualquer sentido para ele, pois ele não viu o resultado prático do seu desalojar, o que foi percebido somente nas gerações futuras, quando ele não mais existia.

Se você perceber que está sendo desalojado, física ou emocionalmente, não resista à ventania do Espirito, mas se deixe levar, como um barco à deriva no oceano da vida, deixe-se ser levado para onde a Huáh o levar.

Não tema o novo.

Não se apegue demais ao velho.

“Não ande ansioso pelo dia de amanha”, nem pelo que ele trará, nem pelo que ele tirará.

Desapegue-se! Assim você sofrerá menos e curtirá mais sua viagem, quando você for desalojado.
Deus, leva-nos! Leva-nos para onde quiseres!

Luciano Maia.

 

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O comercial abaixo da Volvo protagonizado por Van Dame foi real e arrebatador… Tanto que rendeu algumas paródias.

O astro dos filmes de ação Chuck Norris foi escolhido como protagonista para uma paródia natalina do comercial da Volvo com Jean-Claude Van Damme, sucesso na internet em 2013.

Uma empresa de animação resolveu mostrar, também abaixo,  como seria a versão de Norris para o espacate feito por Van Damme. Se no original a habilidade física do ator causou espanto, o substituto totalmente criado no computador para o novo filme consegue ir além. Falar mais estragaria a surpresa.

A responsável pela animação é a Delov Digital, da Hungria. O anúncio original da Volvo fez sucesso na internet, alcançando o posto de 10º vídeo publicitário mais compartilhado do ano. Confira a paródia.

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Nóia ou Metanoia? (parte 2)

Por Stevan Maia Camargo Correa

Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus.

Romanos 12:2

 

Recentemente, escutei em uma pregação que, diferente do que me foi ensinado e talvez também a muitos de vocês, o primeiro pecado, cometido por Adão e Eva no Éden não foi a desobediência. Segundo o pregador, a desobediência foi o segundo pecado, o primeiro pecado, que os levou à desobedecer, foi a falta de fé. Antes de desobedecer, quando tentados, duvidaram do Senhor (Genesis 3:1-5). Em outras palavras, é a falta de fé que nos leva à desobediência e, por consequência a todos os demais pecados. Mas isso não significa que não podemos ter dúvidas. Ter dúvidas, ter questionamentos, é algo bom, pois nos impulsiona a buscar a verdade e compreender a verdade, ou seja, conhecer a Jesus, pois Ele é o caminho, a verdade e a vida (João 14:6). O que é pecado em si e também nos leva a outros pecados não é ter dúvidas, mas sim ‘duvidar’, entende a diferença? É a fé, única contrapartida possível em resposta à salvação pela graça de Deus, que quando não se apresenta, como vemos em Gênesis, nos leva à desobediência e por fim, também à falta de arrependimento (Gênesis 3:9-13).

 

Arrependimento é a tradução para o português da palavra grega metanoia. E a primeira coisa que precisamos entender quando se fala de arrependimento é que essa palavra é muito mal utilizada em nosso dia-a-dia. Arrependimento é uma palavra que apresenta uma série de sinônimos em nosso idioma, mas é preciso saber que o seu significado real – principalmente em seu contexto e subtexto – na maioria das vezes não tem nada a ver com a palavra grega de origem.

 

Metanoia significa conversão, mudança de mentalidade, de direção. Contudo, na esmagadora maioria das vezes que lemos, ouvimos ou falamos em arrependimento, estamos pensando em algo muito diferente, algo que chamarei aqui de remorso, palavra que tem origem no latim medieval e significa “tornar a morder” e está ligada a simples medo da punição.

 

Agora, porém, me alegro, não porque vocês foram entristecidos, mas porque a tristeza os levou ao arrependimento. Pois vocês se entristeceram como Deus desejava e de forma alguma foram prejudicados por nossa causa. A tristeza segundo Deus não produz remorso, mas sim um arrependimento que leva à salvação, e a tristeza segundo o mundo produz morte.

2Coríntios 7:9-10

 

Para entendermos então a diferença entre arrependimento (metanoia) e o remorso, imagine a seguinte situação: Eu cometo um assassinato e sou preso pela polícia. Na delegacia sou entrevistado por um daqueles programas policiais que fazem tanto sucesso e geram tantos memes. Na entrevista o repórter me pergunta: “você está arrependido?”. Entristecido, respondo que sim. Mas teria sido mais sincero se tivesse respondido “Claro… me pegaram”. Em uma situação como esta, não estou realmente arrependido, demonstro apenas remorso. Não estou arrependido do meu crime, de ter tirado a vida de outra pessoa, estou apenas entristecido por ter sido preso e com medo da minha punição. E não quero dizer que eu não poderia ainda me arrepender do meu pecado, mas que normalmente, é apenas o medo da punição que nos move e isso. Meus irmãos, isso não é metanoia. O arrependimento acontece quando, não por medo, mas por consciência, reconhecemos que o que fizemos é errado e a partir de então, passamos a buscar agir de forma diferente, não por medo de alguma punição, mas pela busca da verdade, do bem, por gratidão, por amor, sem interesse, sem querer nada em troca, pois foi para isso que fomos chamados por Deus e só assim não seremos escravos de nossos pecados.

 

Disse Jesus aos judeus que haviam crido nele: “Se vocês permanecerem firmes na minha palavra, verdadeiramente serão meus discípulos. E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”.

João 8:31,32

 

Agora mudemos o exemplo de pecado acima para o que acontece quando tiramos uma nota ruim em uma prova: buscamos estudar e nos dedicar mais ou apenas inventar uma nova forma de “colar” e trapacear? O que nos move é querer aprender, ou termos medo de não passar de ano? E se o exemplo for de algo que peguei quando ninguém estava olhando? Será que vou me arrepender e devolver aquilo que não me pertence ou apenas ter remorso se um dia for descoberto? E se o exemplo for uma gravidez indesejada? Estaremos arrependidos por termos sido irresponsáveis com o sexo fora do casamento ou simplesmente com remorso pelo resultado “imprevisível” daquele ato?

 

Meus irmãos e irmãs, nosso Senhor Cristo Jesus, Seus apóstolos e todos os Seus discípulos, lhes dizem: “arrependam-se” e “não pequem mais.” (Mateus 4:17, 3:8, 3:11, Marcos 1:4, Lucas 3:3, 3:8, 5:32, 15:7, 24:47, João 5:14, 8:11, além de várias passagens em Atos dos Apóstolos e em muitas das epístolas apostólicas).

 

Stevan Maia de Camargo Corrêa

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RESILIÊNCIA, ESTOICISMOE E ESPERANÇA!

Sempre que chamamos alguém de “estóico”, pela maneira de lidar com os desafios da vida com resiliência e calma estamos homenageando uma das escolas filosóficas mais icônicas da nossa história. Originado na Grécia por volta do ano 300 AC, o estoicismo foi, por muitos séculos, a filosofia mais popular no mundo ocidental, ensinando conselhos práticos sobre como as pessoas poderiam prosperar em tempos de incerteza e superar suas ansiedades.

 

Os estoicos são os pensadores ideais para nossa época ansiosa. Eles enfatizam que as coisas tendem a não acontecer como idealmente gostaríamos, como a má sorte, ou uma decisão consciente tomada por pessoas distantes e poderosas, pode estragar nossos planos. Precisamos ouvir isso. Os estoicos queriam saber como poderiam lidar com o caos, oferecem uma correção intrigante e valiosa à hipótese de que tudo ficará bem e nos convidam a entrar em sua busca por ordem, calma e razão em um mundo difícil. Acho que os Estoicos gostariam muito de ter conversado com o Apóstolo Paulo de Tarso, que tanto falou sobre o tema “esperança”.

 

Reunimos aqui alguns dos melhores insights e frases de grandes pensadores estoicos e os combinamos com a aplicabilidade a nossas próprias vidas.

 

“Se você tem a disposição para dominar a raiva, ela não pode dominar você.”

Sêneca

Para dominar a raiva, precisamos mudar nossa ideia sobre o que é normal.

 

“Pouquíssimas coisas são necessárias para ter uma vida feliz.”

Marco Aurélio

Vamos prestar menos atenção a vaidade e fofoca e, em vez disso, meditar regularmente sobre o conteúdo da nossa mente.

 

“Para diminuir suas preocupações, você deve presumir que o que teme que aconteça com certeza acontecerá.”

Sêneca

Sempre devemos pensar no pior cenário possível

 

“Os seres humanos são perturbados não por eventos, mas pelo sentido que dão a esses eventos”

Epíteto

Muito do nosso sofrimento está não em nossas circunstâncias, mas sim em nossa atitude com relação a elas.

 

“Nunca anseie agradar a multidão”

Quinto Séxtio

Devemos viver nossa vida em nossas próprias condições, segundo nossos princípios e crenças.

 

Tudo isto foi dito por pessoas nascidas mais ou menos 300 anos antes de Cristo. Contudo, podemos enxergar no conteúdo destas frases muito do que posteriormente foi chamado de “ética cristã”, uma vez que Jesus e seus seguidores construíram um sistema filosófico que valoriza um comportamento calmo e controlado, mesmo ante às agruras da vida.

 

Aliás, sejamos justos, mais ou menos 400 anos destes filósofos estoicos terem nascidos, um outro cara, também filósofo, chamado de Rei Salomão, também introduziu ideias inéditas que possuem forte ponto de contato com muitas das filosofias gregas que surgiram quatro séculos após seu nascimento, e também antecipou muito do que filósofos alemães e franceses disseram milênios depois dele. Não à toa Salomão foi considerado o homem mais sábio que este planeta conheceu. Leiam Salomão!

 

Eu sou “Estoicista”? Não. Apesar de concordar com muita coisa que eles disseram. Se eu tiver que escolher uma linha filosófica clássica, eu escolheria e me definiria como “Epicurista”. Mas também, não. Não sou totalmente “Epicurista”. Caso existisse esta definição na filosofia, eu diria que sou “Salomonista” (acho que este é um neologismo – não achei esta expressão no Google). Digo “Salominista” porque encontro nas obras “Eclesiastes” e “Provérbios de Salomão” (ambas de autoria do Rei Salomão) a linha filosófica que melhor guia minha existência e formata meu comportamento. Particularmente penso que a estrutura de pensamento de Salomão antecipou as escolas Epicurista e Estoica que surgiram bem depois dele.

 

Onde podemos chegar com toda esta filosofada de hoje? Acho que ser “Salomonista” é ser mais ou menos como bem definiu o sábio paraibano Ariano Suassuna, que disse:

“O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso”.

 

Enxergo tanto a sabedoria salomônica quanto a ética cristã nesta frase de Suassuna. E acho que eu sou isto aí, um realista esperançoso: minha alegria provém da esperança, que jamais deixo morrer, sempre aguardando um futuro melhor; porém, nunca me cego para a concretude da realidade existencial e não deixo de enxergar a vida, dura como ela realmente é. Me ajude, Deus, a viver o dia de hoje!

 

Alegrem-se na esperança, sejam pacientes na tribulação, perseverem na oração.
Romanos 12:12

 

Luciano Maia

(com contribuição de TSOL)

 

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Nóia ou Metanoia? (parte 1)

Por Stevan Maia de Camargo Corrêa

Quem esconde os seus pecados não prospera, mas quem os confessa e os abandona encontra misericórdia. – Provérbios 28:13

 

Essa semana me lembrei de quando era adolescente e um amigo, olhando para o baseado que tinha em sua mão, me disse com aquela voz apertada de quem acabou de dar uma bola: “drogas é bom, porque se não fosse, ninguém usava”. Mesmo sendo usuário de drogas naquela época, eu já compreendia que essa fala levava em conta apenas os efeitos imediatos, lisérgico e até mesmo lúdicos, daquilo que nós consumíamos, mas não considerava as consequências a médio e longo prazo, tanto para nossa saúde física e psicológica, quanto para nossa saúde social e espiritual.

 

Todas as drogas tem algo em comum, não importa se lícitas ou ilícitas: seja álcool, cannabis ou chocolate; seja cocaína, LSD ou fast-food; seja uma superdosagem de Benflogin, Lexotan ou pornografia: todas essas coisas tem potencial para nos escravizar.

 

Foi para a liberdade que Cristo nos libertou. Portanto, permaneçam firmes e não se deixem submeter novamente a um jugo de escravidão. – Gálatas 5:1

 

E para não se tornar vítima de nenhuma delas é importante que conheçamos a nós mesmos e ao nosso inimigo – já diria Sun Tzu (autor de “A Arte da Guerra”). Em outras palavras, é preciso conhecer como funciona a nossa mente e como aquilo que consumimos atua sobre ela.

 

Nosso cérebro pode ser dividido entre a mente racional, com sede no neocórtex e as mentes emocional e instintiva, chamados sistema límbico e reptiliano.

 

É uma falácia dizer que animais não são racionais, pois outros mamíferos também possuem neocórtex, mas nenhum tão desenvolvido como o do ser humano. Eu gosto de pensar no neocórtex como a sede do espírito, o que nos faz imagem e semelhança de Deus, pois é esta área do cérebro que realmente nos diferencia dos outros animais. Já o sistema límbico é o que a Bíblia chama de carne.

 

Vigiem e orem para que não caiam em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca. – Mateus 26:41

 

Enquanto o neocórtex é a sede do raciocínio, da consciência e da linguagem, nos fazendo humanos; o sistema límbico é sede das emoções e é o que nos faz animais. Este sistema está ligado à sobrevivência do indivíduo e da espécie: sua função é evitar a dor e buscar o prazer. Abastecido pelos instintos do cérebro primitivo, ele funciona por ação e recompensa, tendo como moeda um neurotransmissor chamado dopamina.

 

A dopamina é a molécula do vício. Quando nós usamos maconha, por exemplo, é o THC que gera as sensações que curtimos, mas é a descarga de dopamina que nos faz querer sentir essas sensações novamente. Contudo, os níveis de dopamina são gerados pela expectativa e não pela atividade em si. Assim, estar viciado significa querer cada vez mais, mas gostar cada vez menos. O usuário de drogas vai ficando “cabeção” e cada vez mais precisa de uma quantidade maior da droga para atingir a sensação desejada. Dizer que maconha não vicia é uma armadilha. Pode ser que eu não me vicie, mas isso não significa que outra pessoa não possa se viciar, pois o vício em cada droga depende de uma predisposição genética que algumas pessoas possuem e outras não. É por isso que hoje em dia, mais frequentes e até mais perigosas do que as drogas “tradicionais”, são o vício da compulsão alimentar e da pornografia, pois comida e sexo são coisas que, em nossos sistemas límbicos, todos nós fomos programados para buscar, pois essas são coisas diretamente ligadas ao instinto de sobrevivência do indivíduo e da espécie.

 

“Tudo me é permitido”, mas nem tudo convém. “Tudo me é permitido”, mas eu não deixarei que nada me domine. – 1 Coríntios 6:12

 

A obesidade é um mal moderno. Nossa mente nos faz desejar mais um hambúrguer suculento do que uma folha de alface porque comidas mais calóricas causam uma maior descarga de dopamina em nosso cérebro. É a dopamina que cria aquele “segundo estômago” para sobremesa. Na antiguidade, esse mecanismo era essencial para sobrevivência, pois o alimento era escasso e pouco calórico, hoje é apenas mais uma fonte de doenças cardiovasculares, diabetes, câncer… ou seja, mais um vício que devemos combater.

 

Jesus respondeu: “Digo a vocês a verdade: Todo aquele que vive pecando é escravo do pecado. – João 8:34

 

Hoje eu li que “abandonar o vício em pornografia é como tentar deixar de fumar, mas sempre ter um maço de cigarros no bolso”. Se você observar as estatísticas, o advento dos smartphones impulsionou a indústria pornográfica como nunca antes na história e criou uma legião de viciados. Pessoas sem nenhuma propensão para qualquer outro vício, se viciam em pornografia. Mas você se lembra que estar viciado significa querer cada vez mais, mas gostar cada vez menos? Pois é. O vício em pornografia pode gerar uma série de consequência como disfunções, perversões e frustrações sexuais. O orgasmo é o maior ativador de dopamina que existe, fazendo do desejo reprodutivo a maior força motivacional da natureza. Não é à toa que a Bíblia fala tanto da importância do domínio próprio frente aos desejos sexuais.

 

Por isso digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne. – Gálatas 5:16

 

Um experimento realizado com ratos mostrou que as cobaias preferiam dopamina à comida até o ponto em que literalmente morriam de fome. E apesar de tudo isso, a dopamina em níveis normais é importante para as nossas vidas. Os problemas acontecem quando há um desequilíbrio deste neurotransmissor, causando vício e desencadeando doenças como ansiedade e depressão. Assim, se você não se deixar dominar, nem se embriagar, o vinho não lhe fará mal (Provérbios 20:1, Efésios 5:18, 1 Timóteo 5:23).

 

Para encerrar, gostaria de propor uma meditação para cada um de nós. Pense em uma coisa que você gosta muito: pode ser uma droga, uma comida, sexo, exercícios físicos, um jogo eletrônico… Pense nisso e, em seu íntimo, responda “sim” ou “não” às perguntas abaixo:

 

  1. Esse hábito aumentou (em quantidade, tempo ou intensidade) desde que você o iniciou?
  2. É algo que você sente falta se ficar muito tempo sem?
  3. A falta ou excesso disso afetam seu humor?
  4. Você sente dificuldade de controlar esse hábito?
  5. Você deixa de fazer ou adia outras atividades por causa deste hábito?
  6. Você já tentou deixar esse hábito, mas não conseguiu?
  7. Você gasta uma quantidade significativa de tempo ou energia para planejar, obter, utilizar, esconder ou se recuperar após o uso?

 

Se você respondeu “sim” para 3 ou mais dessas perguntas, segundo a Sociedade Americana de Psiquiatria, você tem um vício. E se você quer se libertar de um vício de verdade, isso só é possível a partir do sincero arrependimento, chamado de metanoia.

 

Irmãos, vocês foram chamados para a liberdade. Mas não usem a liberdade para dar ocasião à vontade da carne; pelo contrário, sirvam uns aos outros mediante o amor. Toda a lei se resume num só mandamento: “Ame o seu próximo como a si mesmo”. – Gálatas 5:13-14

 

Stevan Maia de Camargo Corrêa

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CONVERSÃO É CONCIENTIZAÇÃO.

Por Jonathas Bibas.

Quando se crê que está tudo resolvido em sua vida a partir da visão surpreendente do seu sentido humano de ser, estaria você realizado, no apogeu do seu status de criação do próprio reino e reinado, estabelecido pela força do seu próprio corpo mente e esforço, já no alto da conquista de suas dimensões de domínio e se preparando pra fazer o que todo ditador faria: desfrutar suas conquistas, gabar-se de estar no mais alto monte que conseguiu chegar, sem porem enxergar nada abaixo, e muito menos acima de si. Ego arrogante e prepotente, que seria bajulado pelos lados por aqueles que, porventura, pegariam carona nestas conquistas.

Resumindo o que eu estava vivendo até encontrar Cristo: existia apenas todas minhas conquistas, meu reino, meus súditos, tudo e todos que me serviam, compreendendo só meus interesses pessoais, não enxergando nada além disto. Poderia dizer que olhando esta foto eu estava certo de mim, por ter realizado a façanha subir ao alto… Todo resto estava na base, servindo… Foi o auge comercial, com seis lojas e 32 funcionários. Bastava conquistar para mim o restante, porque aquilo era só o começo do que estava por vir. Como visão: decolar rumo à lua, crescer e crescer…

 

Mas na minha mente eu me resumia em mim mesmo: não tinha mais nada além disso! Fui acometido da maior doença que se pode ter: a morte! Mas não só uma simples morte. Mas uma morte lenta, como um sorvete vaidoso, porém quando colocado ao sol, vai se derretendo, desmanchando… Para enxergar o que está acontecendo e tem que ser rápido, porque haverá tempo de recomeçar. Terá se perdido algumas de suas camadas do sorvete, mas se compreender quem ele realmente é, quem é seu criador e qual forma foi feito, ainda conseguira se recompor, não por sua própria força, mas a partir do entendimento do que se e feito e pra que se é feito. Porque está onde está e porque estar ali que o conduziu à sua essência no propósito original, ou seja,  dar sabor, não a si próprio, mas quem for usar do que se tem, a partir da vontade de quem fez. O autor reconhecimento é essencial, pois um simples estar fora do lugar poderá nos causar destruição.

 

Não fui criado para saborear, mas para ser saboreado, deleitado, apreciado. O que senti a partir de quem me criou, aquele que receberá toda o elogio (honra e glória) por ter ofertado o que é de melhor naquilo que pode apreciar do que que estou presente. Eu apenas sou um reflexo dos sabores do Criador. A criatura é objeto, para passar a quem usar o sabor do Criador. A criatura tem que se dar por satisfeito por estar sendo saboreado e lembrar que estamos enaltecendo o Criador. Complexa esta comparação. Mas podemos nos autodestruir por não conseguir enxergar tais coisas e vermos o que devemos ser e não o que queremos ser.

 

Passado um tempo fui colocado como renascido e ressurgido, tirada de mim as travas que estavam em meus olhos, que me segavam pra não ter visão e compreensão da minha verdadeira missão. Vi por meio de Jesus que mesmo ele sendo o próprio Deus, se esvaziou pra viver uma vida humana, que mesmo em seus piores terrores ficou como filho, na dependência do pai. Fora de meu entendimento antigo – que seria feita minha própria vontade e não a do pai – vendo se transformar e derreter toda a certeza, peço hoje que seja feita a sua vontade.

 

Tenho entendido como somos e para que somos criados. Passando a dar mais vazão ao Criador e esquecendo da criatura. Colocando nas mãos Dele meu destino, caminhando com firmeza pela palavra que nos foi dada e buscando o entendimento por meio das Escrituras. Posso afirmar que durante minhas batalhas da vida obtive mais derrotas que vitorias e que os despojos obtidos foram para que eu visse a verdadeira grandeza de Deus. Mesmo sendo tudo o contrário do que foi por mim projetado, ainda assim fui abençoado com uma grande riqueza, de ser colocado nos braços do Senhor, por ter sido poupado do meu próprio eu.

 

Sou grato ao Senhor pelo cuidado de retirar todas as pedras e espinhos. Sou grato ao Senhor poque, apesar das terras inférteis onde plantei minhas sementes, foram lançadas em terra o suficiente pra que houvesse colheita. Sou grato por convidar Jesus para caminhar comigo. Sou grato, Senhor, por despojar meu eu, para aceitar a sua verdade. Continuo sempre querendo firmar meus passos no seu caminho e estar recebendo ajuda para ter o melhor que o Senhor tem para cada um de nós.  Quero me permitir receber o melhor, permitir o agir de Deus.

 

Hoje faz 15 anos que tirei aquela foto e sei que pela visão que tenho fui renascido, como um bebê, para aprender a começar novamente a vida (que antes tinha um único destino: a destruição –  e teria levado várias pessoas ao meu lado a ruína espiritual). O destino de quem se afasta de presença Divina pode ser duro e terrível. Porém, hoje, caminhando com Jesus, eu tenho colhido frutos que são saborosos e que durarão para sempre.

 

Jonathas Bibas.

Julho de 2021.

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